O desrespeito à autonomia universitária, prevista no artigo nº 207 da Constituição Federal tem sido uma prática comum do governo Bolsonaro, que tem, em inúmeras Universidades, nomeado como reitore(a)s candidato(a)s que ficaram em terceiro lugar nas listas tríplices, e, em alguns casos, nomeando pessoas que sequer participaram de consulta interna à comunidade universitária.
Obviamente que isto sinaliza algo que já apontamos desde o início deste governo, que tenta impor sua agenda privatista e reacionária nas Universidades, Institutos Federais e CEFET. Busca, assim, encontrar aliado(a)s para tal projeto, que ataca o ensino, a pesquisa, a extensão, assim como o caráter gratuito do ensino superior público.
O caso mais recente se deu na Universidade Federal do Piaui. O reitor empossado Gildásio Guedes Fernandes ficou em terceiro lugar na consulta entre docentes, técnico(a)s-administrativo(a)s e estudantes, e em segundo lugar na lista tríplice formulada pelo CONSUN dessa instituição, o que demonstra o desprezo do governo Bolsonaro pelas consultas, em um evidente sinal autoritário de tentar decidir monocraticamente, passando por cima da decisão da comunidade acadêmica. É sintomático que tal decisão ocorra cerca de uma semana após a nomeação para reitor do menos votado na consulta da UFPB.
Precisamos reafirmar nossa luta pelo fim da lista tríplice, para que as decisões sobre a escolha do(a)s reitore(a)s sejam concluídas no âmbito da instituição de ensino. E, para além do julgamento da ADI nº 6.565, que trata da escolha de reitore(a)s, na qual o ANDES-SN é parte como amicus curiae, consideramos fundamental a continuidade da luta política em nossos locais de trabalho, mesmo em condição remota, pela nomeação do(a) mais votado(a) nas consultas.
Dessa forma o ANDES-SN se reafirma nessa luta e se solidariza com a comunidade acadêmica da UFPI, que é atacada de forma vil pelo governo de extrema direita.
Brasília (DF), 20 de novembro de 2020
Diretoria Nacional do ANDES-SN