Consideramos que a divulgação realizada pela mídia das trocas de mensagens entre o(a)s responsáveis pela Operação Lava Jato, que vieram a público inicialmente através do trabalho coordenado por Glenn Greenwald, premiado jornalista e diretor do The Intercept Brasil, revelam postura antiética, parcial e seletiva do ex-juiz e atual Ministro da Justiça Sérgio Moro, o que coloca sob suspeição o processo eleitoral de 2018, no entorno do qual o ex-presidente Lula foi encarcerado, e junto, se intensificou a tentativa de criminalizar todo o campo da esquerda.
Apesar das denúncias, o ex-juiz continua Ministro da Justiça, enquanto tanto(a)s outro(a)s continuam preso(a)s e privado(a)s de suas liberdades individuais e políticas, como o ex-presidente Lula e Rafael Braga. Esse último, preso arbitrariamente por estar portando produtos de limpeza durante uma manifestação nas Jornadas de Junho de 2013.
Consideramos as prisões e perseguições políticas, assassinatos de camponeses e indígenas, massacres do povo pobre nas favelas e os ataques aos direitos conquistados através da luta, explícitas tentativas de calar a voz e reprimir as ações de todo(a)s aquele(a)s que ousam se opor à ordem do Capital e à política do ódio, pregada pelo presidente Bolsonaro e seguidore(a)s, através do incentivo à criminalização de professore(a)s, à perseguição contra movimentos sociais e ao ódio traduzido, entre outros, na tentativa de armar a população.
Consideramos ainda, que o perfil do(a)s que hoje lotam os presídios evidencia os critérios a partir dos quais o sistema penal seleciona suas vítimas cuja maioria é formada por jovens pobres, em geral negro(a)s e moradore(a)s das periferias – os mesmos alvos das chacinas policiais. Assim como a criminalização das lutas sociais e da pobreza servem a um mesmo objetivo político, de manutenção da estrutura de classes, hoje voltada à repressão permanente do(a)s trabalhadore(a)s, buscando frear, preventivamente, quaisquer possibilidades e tentativas de organização da classe trabalhadora.
Por isso, mais uma vez o ANDES-Sindicato Nacional, vem a publico manifestar que toda ação que tenha como objetivo inibir ou denunciar o caráter seletivo, discricionário e preconceituoso da justiça receberá o nosso apoio. Portanto, esse Sindicato Nacional repudia as iniciativas que visam reprimir a liberdade de imprensa. Além de reafirmar o compromisso de lutar contra todas as posturas antidemocráticas, autoritárias, racistas, misóginas, Lgtbfóbicas, discriminatórias e que façam apologia da tortura e da violência do atual governo ou de qualquer outro com posições semelhantes.
Pelas liberdades democráticas
Não à seletividade da justiça
Brasília (DF), 01 de julho de 2019
Diretoria do ANDES-SN