Ontem, dia 26 de setembro de 2019, dirigindo-se para o público do 21º Fórum Nacional de Educação Superior Particular, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, desferiu mais um ataque contra o(a)s docentes do ensino superior e seu trabalho, ao mesmo tempo que defendeu explicitamente sua agenda privatizante.
Com sua característica impolidez e sem apresentar qualquer fonte para fundamentar impropérios contra a educação pública, o ministro afirmou que o principal problema do MEC é “gastar uma fortuna com um grupo pequeno de pessoas” e prometeu atacar o(a)s docentes de Universidades Federais: “tenho que ir atrás da zebra mais gorda, que está na universidade federal trabalhando em regime de dedicação exclusiva para dar só 8 horas de aula por semana e ganhar R$15 mil, R$20 mil”.
Ao mesmo tempo, o ministro prometeu reduzir a fiscalização e facilitar a abertura de novos cursos e/ou faculdades privadas e manifestou que pretende transferir verbas públicas para o setor privado: “Preciso do suporte das bases e das bancadas dos senhores para passar o Future-se e, assim, ter verbas para financiar o ensino privado”.
As afirmações do ministro são equivocadas e demonstram o seu desconhecimento sobre a natureza da atividade docente ou má-fé. O(A)s docentes das instituições de ensino superior públicas dedicam muito mais que 8 horas/aula por semana, sendo que suas atividades profissionais vão muito além do trabalho em sala de aula na graduação e pós-graduação. O(A)s docentes planejam suas aulas; orientam estudantes; corrigem provas e trabalhos; escrevem projetos, livros, artigos e relatórios técnicos, com base em suas pesquisas científicas; avaliam e realizam trabalhos de pesquisa e extensão; participam de bancas de qualificação e defesa de monografias, dissertações e teses; se envolvem em atividades de gestão e de representação da universidade em diferentes espaços de interesse da sociedade, como por exemplo nos Conselhos de educação, saúde, ética em pesquisa; entre outras funções. Tudo isso gera uma sobrecarga enorme de trabalho para a categoria docente, cada vez mais adoecida por conta das péssimas condições de trabalho e dos desgastes físico e mental decorrentes de uma extenuante jornada de trabalho.
As declarações sobre os salários do(a)s docentes de universidades federais não são fundamentadas em qualquer estudo sério sobre a composição salarial da categoria e apenas funcionam como uma desqualificação geral que pretende colocar o conjunto da população contra a universidade pública.
As manifestações de Weintraub se fundamentam unicamente nas diretrizes do Capital para a educação. Ao afirmar que o Estado gasta muito com pouco(a)s professore(a)s, ou ainda, ao fazer um chamado para que o(a)s empresário(a)s da educação apoiem o Future-se, Weintraub apenas repete diretrizes apresentadas pelo Banco Mundial em seu documento “Um Ajuste Justo”. Isso reforça que o MEC, sob a sua direção, apenas repetirá receitas prontas produzidas por organismos internacionais do mercado.
O ANDES-SN repudia veementemente as declarações do ministro da educação e reafirma sua defesa da educação pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada. Destacamos que essas declarações revelam seu compromisso com o mercado e com os empresários da educação – as verdadeiras zebras que estão se esbaldando com as fartas possibilidades de apropriação privada do fundo público, criadas pela agenda ultraliberal do governo Bolsonaro.
Contra a destruição da educação pública e gratuita e a desvalorização do trabalho docente, chamamos todas e todos a se mobilizarem na Greve Nacional de 48h da Educação, nos dias 02 e 03 de outubro. Somente a nossa resistência organizada e em unidade com entidades e movimentos que defendem a educação pública e gratuita, poderá evitar que Weintraub e Bolsonaro retirem mais um direito do povo brasileiro.
Contra o bloqueio do orçamento da educação!
Em defesa do trabalho docente!
Não ao Future-se!
Construir a greve nacional da educação de 02 e 03 de outubro!
Brasília (DF), 27 de setembro de 2019
Diretoria Nacional do ANDES-SN