A América Latina tem passado por grandes convulsões sociais e políticas, pelo menos desde as lutas nacionais de independência frente ao colonialismo e, posteriormente, nos processos de lutas contra o imperialismo e as dependências política e econômica, que culminaram em processos de luta revolucionária desde a metade do século XIX, até as lutas camponesas, indígenas e de mulheres contra as opressões, em defesa da reforma agrária, autonomia e independência dos povos.
Desde o inicio do século XXI, a América Latina tem passado por grandes convulses. O acirramento da luta de classes no continente tem evidenciado as mazelas e o sofrimento da grande maioria dos trabalhadores e das trabalhadoras. Em nome da manutenção de governos que sustentam o modo de exploração capitalista - que a cada dia se torna mais bárbaro e cruel-, submete-se as populações a mais extrema pobreza.
Por outro lado, movimentos de contestação e protestos de assalariado(a)s, desempregado(a)s, jovens, estudantes, docentes, mulheres, LGBTT, negros e negras têm ocupado espaços cada vez mais significativos. Expressam o descontentamento, a indignação e a rejeição aos aliados do Capital e às politicas econômicas que solapam as politicas sociais, que procuram rebaixar as reivindicações do(a) povo trabalhador.
Na Colômbia, o governo de Ivan Duke e Álvaro Uribe tenta transformar o país numa variante de “segurança democrática”, experimentando métodos neofascistas de pânico e agressão contra a população; ignorando o Acordo Final de Paz assinado com as FARC em 2016 (para pôr fim aos 40 anos de guerra civil) e tentando impor, por meio da força, medidas de privação econômica a jovens trabalhadore(a)s.
Assim como no Brasil, o método para tentar barrar os protestos e mobilizações sociais têm sido o amordaçamento, seja por meio da perseguição/ criminalização do(a)s lutadore(a)s sociais, seja por meio de execução/assassinato (como no caso de Marielle Franco, no Brasil). Nesta mesma quadra política latino-americana está a tentativa de homicídio da professora Sara Yaneth Fernández Moreno, da Secretaria Geral da Asociación de Profesores de la Universidad de Antioquia - Asoprudea, de Medellín, Colombia.
A docente é sindicalista e sofreu uma bárbara tentativa de assassinato por meio de uma facada, no dia 04 de março, em sua residência. A violência contra os movimentos sociais continua na Colômbia. No estado de Antioquia, a organização paramilitar autoproclamada Autodefensas Gaitanistas de Colombia (AGC), é uma das responsáveis pelo ataque, tendo enviado um panfleto ameaçando o sindicato de docentes da Universidade de Antioquia.
Da mesma forma que no Brasil, as universidades colombianas constituem espaços de construção de liberdade de pensamento e crítica. Por isso, grupos paramilitares de direita estão ameaçando abertamente lutadores e lutadoras sociais.
O ANDES-SN, na defesa intransigente dos direitos sociais e da liberdade de livre associação e expressão, sobretudo daquelas entidades e lutadore(a)s que defendem a educação, repudia veementemente o ato de extrema violência contra a professora e solidariza-se com a Asociación de Profesores de la Universidad de Antioquia.
#TodosSomosSara
Brasília (DF), 16 de março de 2020
Diretoria Nacional do ANDES-SN