NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN SOBRE OS NOVOS CORTES NAS IES
No dia 12 de março o governo publicou no Diário Oficial da União a Lei nº 13.633 pela qual “Fica aberto aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União (Lei nº 13.587, de 2 de janeiro de 2018), em favor dos Ministérios da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social, crédito especial no valor de R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), para atender à programação constante do Anexo I”, e simultaneamente estabelece que “Os recursos necessários à abertura do crédito de que trata o art. 1º decorrem de anulação de dotações orçamentárias, conforme indicado no Anexo II”.
Trata-se, em essência, de um corte dos investimentos na ordem dos 2 bilhões de reais nos seguintes órgãos: Ministério da Educação (R$ 600.000.000), Ministério da Justiça e Segurança Pública (R$ 224.734.791), Ministério da Saúde (R$ 454.202.968), Ministério do Trabalho (R$ 10.600.000), Ministério da Cultura (R$ 13.307.174), Ministério da Defesa (R$ 294.887.583), Ministério do Desenvolvimento Social (R$ 400.000.000), Advocacia-Geral da União (R$ 1.367.484), e Ministério dos Direitos Humanos (R$ 900.000). Estes cortes destinam-se a financiar, em montante proporcional, as atividades do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (R$ 600.000.000), do Fundo Nacional de Saúde (R$ 1:000.000) e do Fundo Nacional de Assistência Social (R$ 400.000). Observamos que nesta lei não há cortes no FIES, que beneficia principalmente aos proprietários das instituições particulares, endividando os jovens das camadas populares.
O corte de R$ 600 milhões no MEC tem a seguinte composição:
Ministério da Educação |
R$ |
Ministério da Educação - Administração Direta |
54.998.375 |
Universidade Federal do Ceará |
36.154.808 |
Universidade Federal Fluminense |
2.903.397 |
Universidade Federal de Minas Gerais |
2.937.376 |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte |
10.919.336 |
Universidade Federal do Rio de Janeiro |
2.903.397 |
Universidade Federal de Santa Catarina |
2.778.404 |
Universidade Federal Rural de Pernambuco |
6.355.000 |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - HU da UFRRJ em Seropédica |
2.903.397 |
Fundação Universidade Federal de Roraima |
4.826.679 |
Fundação Universidade Federal do Tocantins - HU da Universidade Federal do Tocantins |
25.357.956 |
Universidade Federal do Triângulo Mineiro |
18.500.000 |
Universidade Tecnológica Federal do Paraná |
20.000.000 |
Universidade Federal de São Paulo |
2.758.049 |
Universidade Federal Rural do Semi-Árido |
3.815.794 |
Fundação Universidade de Brasília |
14.384.606 |
Fundação Universidade Federal do Maranhão |
12.143.830 |
Fundação Universidade Federal do Piauí |
10.138.432 |
Fundação Universidade Federal de Sergipe * |
16.899.358 |
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul |
2.964.360 |
Universidade Federal do Cariri |
5.154.808 |
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ** |
134.605.026 |
Complexo Hospitalar e de Saúde da Universidade Federal da Bahia |
40.000.000 |
Hospital Universitário Walter Cantídio (Ceará) |
8.154.808 |
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás |
16.916.636 |
Instituto Federal de Alagoas |
5.536.234 |
Instituto Federal do Ceará |
9.309.616 |
Instituto Federal do Espírito Santo |
11.859.514 |
Instituto Federal Goiano |
4.011.790 |
Instituto Federal do Mato Grosso |
4.053.300 |
Instituto Federal Catarinense |
11.769.535 |
Instituto Federal de Sergipe |
3.316.949 |
Instituto Federal do Acre |
6.141.645 |
Instituto Federal do Amapá |
50.000.000 |
Instituto Federal de Brasília |
20.000.000 |
Instituto Federal de Santa Catarina |
11.769.535 |
Instituto Federal de São Paulo |
2.758.050 |
* Construção do Campus do Sertão e do prédio do Centro de Simulações e Práticas do Campus Universitário de Ciências de Saúde Prof. Antônio Garcia Filho - No Município de Lagarto (SE).
** Este fundo está composto por 4 rubricas: Apoio à Infraestrutura para a Educação Básica (R$ 38.800.154), Apoio a Entidades de Ensino Superior Não Federais (R$ 76.273.351), Apoio ao Desenvolvimento da Educação Básica (R$ 5.000.000) e Aquisição de Veículos para o Transporte Escolar da Educação Básica - Caminho da Escola (R$ 14.531.521)
No item “Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação” há uma subrubrica com destinação às entidades de ensino superior não federais, com a seguinte composição:
Apoio a Entidades de Ensino Superior Não Federais |
R$ |
Universidade Estadual do Piauí (UESPI) - No Estado do Piauí |
6.831.626 |
Universidade Estadual de Goiás (UEG) - No Estado de Goiás |
9.011.790 |
Universidade Estadual do Pará (UEPA) - No Estado do Pará |
3.846.433 |
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) - No Estado do Rio Grande do Sul |
2.899.669 |
Universidade Estadual do Maranhão (Uema) - No Estado do Maranhão |
6.071.915 |
Universidade Estadual de Roraima - No Estado de Roraima |
6.326.679 |
Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS) - No Estado do Tocantins |
5.357.956 |
Universidade do Estado do Amapá (UEAP) |
3.023.886 |
Custeio, Aquisição de Equipamentos e Material Permanente - No Estado da Bahia |
30.000.000 |
Custeio, Equipamentos e Material Permanente - No Estado do Rio de Janeiro |
2.903.397 |
Sub-total |
76.273.351 |
Assim, continua a política de cortes dos investimentos sociais, e em particular na área da educação superior, que como já denunciada por nosso sindicato, padece de um subfinanciamento crônico de longa duração, que não foi resolvido pelos governos nestes últimos anos, e pelo contrário, a partir de 2015, apesar do slogan “Pátria Educadora” que o governo da época utilizava como sua marca, observa-se que o setor das IES começa a sofrer uma diminuição significativa do orçamento, que agora se aprofunda ainda mais. Naquela oportunidade, primeiramente as parcelas repassadas para as universidades deixaram de ser de 1/12 para passar a ser de 1/18. Finalmente, naquele ano de 2015 foram cortados R$ 10,6 bilhões, o que reduziu o orçamento autorizado para 2015 de cerca de R$ 109 bilhões para aproximadamente R$ 98 bilhões. O setor das federais do ANDES-SN respondeu com mobilizações e uma greve muito importante, compreendendo que se iniciava um ciclo de austeridade e cortes nos investimentos nas áreas sociais, que infelizmente se efetivou nos anos seguintes. No ano de 2016 o contingenciamento foi de R$ 4,27 bilhões. A mesma situação aconteceu no ano passado e agora se reitera com novos cortes.
Entendemos, hoje, como já o fizemos no passado, que só a luta unificada do setor da educação, do(a)s servidore(a)s público(a)s e do conjunto da classe trabalhadora pode reverter este quadro de profunda negligência com a educação pública e os investimentos em Ciência e Tecnologia. Continuamos na luta. Com o FONASEFE e o FONACATE acabamos de protocolar a pauta unificada dos SPFs no MPOG e no dia 2 de março aconteceu a primeira reunião com o governo ainda sem nenhum resultado concreto. Estamos encaminhando também a pauta específica do ANDES-SN para o MEC com o objetivo de abrir negociações para a recomposição do orçamento das IFES e continuar a luta pela carreira, pelas condições de trabalho e pela valorização salarial.
Nenhum direito a menos!
Brasília, 15 de março de 2018
Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional