O Dia Internacional de Luta contra a LGBTI+fobia marca a data da retirada da homossexualidade do rol de doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990, após décadas de luta pela despatologização das identidades LGBTI+. Somente em 2018, a transexualidade também deixou de ser considerada uma doença pela OMS.
Nesta sexta-feira (17), docentes federais em greve participaram do ato “Café da manhã Lula receba a Educação Federal”, em frente ao Palácio do Planalto, local de trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília (DF). Além das reivindicações da greve, as e os manifestantes incorporaram ações relacionadas ao Dia Internacional da Luta contra a LGBTI+fobia em mais um ato unificado do ANDES-SN, Fasubra e Sinasefe.
Gabrielle Weber, 1ª secretária da Regional São Paulo do ANDES-SN, esteve presente no ato e relembrou que, nessa quarta-feira, 15 de maio, foi celebrado o Dia do Orgulho de Ser Travesti e Transexual. A docente reforçou a necessidade de construir uma sociedade mais acolhedora das diferenças e que abrace mais a diversidade.
“Como podemos abraçar a diversidade se a universidade, que é a fonte do saber da nossa sociedade, não está sendo financiada? Precisamos de financiamento nas universidades, porque a universidade é o primeiro lugar onde as pessoas LGBTQIAP+ podem se sentir à vontade para sair do armário e expressar seus gêneros e suas sexualidades. Esses jovens, muitas vezes, fogem de casa e não encontram lugar de acolhimento que não seja nas universidades”, contou.
A diretora do Sindicato Nacional relembrou os avanços dos direitos dessa população nos últimos 20 anos e como esses avanços incomodaram setores conservadores da sociedade e do Poder Legislativo, onde tramitam projetos que restringem os direitos das pessoas LGBTI+.
“As pessoas que acham que ser LGBTQIAP+ é doentio precisam rever seus conceitos e serem educadas. E quem melhor do que nós, que estamos nas universidades, para promover uma educação inclusiva, falar sobre gênero e sexualidade nas nossas disciplinas e realizar nossos projetos de extensão? Para isso, precisamos de um salário digno, porque trabalhar como docente não é fácil, ainda mais como LGBT. As travestis nos ensinaram que sem luta não há vitória”, ressaltou Weber.
“Cura gay”
Apesar de a OMS ter oficialmente retirado a homossexualidade e a transexualidade de seu catálogo de doenças, e do Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibir quaisquer práticas de “terapia de reorientação ou conversão sexual” (a chamada “cura gay”), a violência continua na atualidade.
Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 5034/2023, que propõe a equiparar as tentativas de conversão da orientação sexual e da identidade de gênero ao crime de tortura.
ANDES-SN na luta
O ANDES-SN fortalece a luta contra a LGBTI+fobia defendendo um projeto de educação socialmente referenciada que contribua no combate às injustiças sociais, preconceitos e discriminações. Na prática, docentes têm debatido políticas públicas dentro das instâncias do próprio Sindicato Nacional, como o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), além de participarem de mobilizações relacionadas ao calendário de lutas do ANDES-SN. Por meio do GTPCEGDS, a entidade também já publicou uma cartilha de combate às opressões, realizou campanhas visuais, entre outras ações, e produziu o documentário "Narrativas docentes: Memória e Resistência LGBT".