Entre os dias 09 e 10 de fevereiro, as e os docentes participantes do 41º Congresso do ANDES-SN aprovaram encaminhamentos referentes ao Tema 3 – Plano Geral de Lutas, dos grupos de trabalho de Política de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) e Política Educacional (GTPE). Entre as deliberações, está rearticulação da Coordenação Nacional das Entidades em Defesa da Educação Pública e Gratuita (Conedep) para a construção do IV Encontro Nacional de Educação e a participação do Sindicato Nacional como observador Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE).
As votações do Tema 03 tiveram início na noite de quinta (9) e foram retomadas na noite de sexta (10), após as deliberações das questões organizativas e financeiras e depois do registro das quatro chapas que participarão do processo eleitoral para a próxima diretoria do ANDES-SN, biênio 2023/2025.
GTPCEDS
No âmbito do GTPCEGDS, as e os delegados aprovaram encaminhamentos como a realização de uma pesquisa sobre a constituição étnico-racial da base, que possa abarcar, por exemplo, pessoas com deficiência. Além disso, deliberaram por seminários que abordem os temas tratados no GT.
Um dos eventos a ser realizado é o III Seminário Intercultural, que deverá contemplar a discussão socioambiental, a partir dos debates sobre a transição socialista das matrizes energéticas e tecnologia, articulando perspectivas de classe, gênero, raça, orientação sexual, etarismo e origem nacional. A atividade acontecerá nos dias 31 de março e 01 de abril, em Belém do Pará.
Já o III Seminário Nacional Integrado, organizado pelo GTPE e GTPCEGDS, está previsto para o segundo semestre deste ano. O encontro deverá incluir um painel sobre a luta das pessoas com deficiência e a luta anticapacitista no âmbito do Sindicato; o V Seminário Nacional de Mulheres do ANDES-SN; o IV Seminário Nacional de Diversidade Sexual e o V Seminário Nacional de Reparação e Ações afirmativas do ANDES-SN.
Foram incorporadas, também, ao calendário de luta do Sindicato Nacional as datas 28 de janeiro - Dia nacional de combate ao trabalho escravo; 24 de maio - Dia nacional dos povos ciganos; 26 de setembro - Dia Nacional das(os) Surdas(os); e 25 de novembro - Dia Internacional de Luta contra a violência cometida contra as mulheres.
O Sindicato Nacional deverá, ainda, incluir os povos ciganos migrantes e refugiados como parte de suas discussões e ações de políticas étnico-raciais e de classe, além de mobilizar pela implementação de politicas afirmativas específicas de ingresso e permanência da população indígena e quilombola na graduação e pós-graduação nas IES e fomentar a luta por abertura de concursos para docentes das Licenciaturas Indígenas.
Também foi debatido e encaminhado pela plenária o fortalecimento da luta contra a criminalização e o encarceramento das populações oprimidas e exploradas e a promoção de um seminário nacional sobre abolicionismos penais, poder punitivo e sistema de Justiça Criminal, visando instaurar um debate aprofundado sobre esse tema.
Outra deliberação do GTPCEDGS foi a orientação para que as Seções Sindicais pautem os debates de paridade de gênero e ações afirmativas considerando a paridade de gênero para alterações regimentais na composição de chapas para diretorias e conselhos fiscais e de representantes, bem como a delegação para congressos do ANDES-SN. Além disso, os cursos de formação sindical promovidos pelo Sindicato Nacional deverão contemplar a articulação entre a luta de classes, gênero, orientação sexual, identidade de gênero, raça, pessoas com deficiência, ambiente e diversidade étnica da população brasileira.
A entidade seguirá ainda reforçando a continuidade da implementação, em todas as suas instâncias, de discussões e resoluções que combatam todas as formas de capacitismo, além de garantir a acessibilidade, de todas as ordens e para qualquer pessoa que dela necessitar, na no site do ANDES-SN e em todos os seus eventos, desde o processo de inscrição, programação e materiais de consulta.
GTPE
Um dos destaques nas políticas educacionais foi a rearticulação da Coordenação Nacional das Entidades em Defesa da Educação Pública e Gratuita (Conedep) e dos fóruns, coordenações e comissões Estaduais, com vistas à realização dos encontros preparatórios regionais, comissões e coordenações estaduais para concretizar o IV Encontro Nacional de Educação (ENE), em articulação com outras entidades da educação e movimentos sociais populares. Também foi aprovada a participação do ANDES-SN no Fórum Nacional Popular de Educação. Após amplo debate, as delegadas e os delegados aprovaram que o Sindicato Nacional integre o FNPE na condição de observador.
As e os docentes continuarão, ainda, a luta pela recomposição e ampliação do orçamento das Universidades, Institutos Federais e Cefetts, de modo a garantir o pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão com caráter público, gratuito, laico, de qualidade e socialmente referenciado e o ingresso e formação de estudantes oriundos das classes populares.
O ANDES-SN também dará seguimento à luta contra o Reuni Digital, e qualquer proposta do Capital que ataque a presencialidade da educação pública brasileira, em articulação com demais setores da Educação. Nesse sentido, a entidade fortalecerá a luta contra plataformização da educação, organizando, com as seções sindicais e o movimento estudantil, seminários e publicações sobre o EAD e o ensino híbrido.
“Conseguimos debater e votar resoluções de dois gts que são extremamente centrais na luta do nosso sindicato, na luta contra as opressões e para a política do ANDES-SN e como estamos avançando na construção deste sindicato. Importante destacar a mobilização das e dos docentes negras e negros, que realizaram um ato dentro do evento, e também de docentes LGBTQIAP+, que a partir desses debates formaram um novo grupo dentro do sindicato”, destaca Francieli Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN, que presidiu a plenária.
A diretora do Sindicato Nacional destacou ainda as deliberações referentes às Políticas Educacionais. “Aprovamos encaminhamentos bem importantes no geral, mas especialmente a rearticulação da Conedep , para construir o IV ENE, um espaço político onde nós vamos aprofundar o debate sobre o nosso projeto histórico de educação e também como avançar nesse sentido. Além da participação do ANDES-SN como observador do FNPE, entendendo que o Fórum tem seus limites e contradições. Estaremos dentro desse espaço defendendo o nosso projeto histórico de educação e dialogando com outros setores, na construção da unidade possível”, ressaltou.
Também fizeram parte da mesa as diretoras Cristine Hirsch, 1ª vice-presidenta da Regional Nordeste 2, e Marilza Miranda, 1ª secretária da Regional Norte 1, e o diretor Luiz Henrique Blume, 3º secretário do ANDES-SN.
Chico Mendes, presente!
Na noite da quinta-feira (9), o 41º Congresso do ANDES-SN recebeu a visita da ambientalista Ângela Mendes. Filha do ambientalista, seringueiro e liderança sindical Chico Mendes, assassinado por sua luta em defesa da floresta e seus povos em 1988, Ângela fez uma saudação às e aos presentes. “Queria desejar as boas-vindas e dizer que vocês estão aqui pisando em solo, em um chão que tem muita história, que tem muita resistência e tem muita luta. Vocês estão pisando no chão da aliança dos povos da floresta, do projeto seringueiro, de onde saiu também a luta pela conquista das reservas extrativistas, de onde saiu a mensagem para o mundo que a floresta tem valor viva, e não morta. Tudo isso emergiu de dentro das matas aqui de Xapuri, do Acre, do Brasil para o mundo. E fez o Acre e o Brasil se tornar essa potência e essa referência no discurso, na prática e na ação de preservação do meio ambiente”, destacou.
Ela lembrou que em 22 de dezembro deste ano completam 35 anos da morte de seu pai, que será marcada ao longo de 2023, com diversas atividades. “Quem atirou nele errou o alvo, porque ele continua mais vivo do que nunca”, ressaltou. “Esse é o ano da retomada, da esperança de um Brasil melhor. A gente sai de um período muito difícil, muito violento para todos nós”, afirmou. Chico Mendes, presente!
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