*matéria publicada originalmente no dia 14 de julho e atualizada para mudança de editoria
Nesta sexta-feira (14), mais de 300 docentes de diversas instituições públicas de ensino do país participaram da plenária de Abertura do 66º Conad do ANDES-SN, na Universidade Federal de Campina Grande (UFGC). O evento deliberativo – que serve para atualizar o plano de lutas aprovado no 41º Congresso e apreciar a prestação de contas das despesas do último período – ocorrerá até domingo (16), com o tema "66º Conad do ANDES-SN: Na reorganização da classe com inspiração nas lutas e culturas populares".
Rivânia Moura, ex-presidenta do ANDES-SN, conduziu os trabalhos da mesa que contou com a presença de representantes de entidades estudantis, da Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG-Seção Sindical do ANDES-SN) e de diretoras e diretores do Sindicato Nacional da nova e antiga gestão.
Catarina Santos, representante da Fenet, saudou a mesa e destacou a construção da unidade entre estudantes e trabalhadoras e trabalhadores. "Passamos por um período muito duro nos últimos anos e agora, finalmente, temos a oportunidade de respirar e construir um novo Brasil, uma nova conjuntura, e tudo isso só será possível com a união de estudantes e professores. O ANDES-SN é um grande parceiro da Fenet. Juntos construímos grandes lutas no cenário nacional e vamos manter essa unidade para conquistar uma educação pública de qualidade e enfrentar essa nova conjuntura. Mesmo com um governo progressista, temos desafios e lutas pela frente, como o próprio Arcabouço Fiscal", disse.
Antônio Lisboa, presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG-Seção Sindical do ANDES-SN), que recepciona este Conad, agradeceu a presença das e dos docentes e enalteceu a acolhida do povo paraibano. Esse é o terceiro evento do Sindicato na cidade, que já recebeu outros dois eventos deliberativos do ANDES-SN. "Os desafios, diferenças e adversidades são grandes para todos nós, tanto no âmbito nacional quanto local, e cada seção sindical tem uma pauta específica. Aqui na UFCG somos três seções: ADUFCG SSind., ADUFCG-Patos SSind., ADUC SSind. (no campus de Cajazeiras), além da Aduepb SSind. e Adufpb SSind. [também seções na Paraíba]", elencou o docente. Lisboa destacou ainda os 45 anos da ADUFCG SSind. e ressaltou que Campina Grande é um palco de lutas e resistências da classe trabalhadora e dos povos originários.
Guilherme Queiroz, presidente do DCE da UFCG, contou um pouco sobre a precariedade que enfrentam as e os estudantes da universidade com a falta de verbas. Há cerca de dois anos, o teto do Ginásio do Campus de Campina Grande da UFCG desabou por falta de manutenção. O estudante reforçou que apenas com a unidade é possível conquistar mais orçamento para a universidade. "O DCE ficou por muitos anos fechado e, quando voltamos, recebemos apoio da Regional do ANDES-SN e, principalmente, da ADUFCG SSind. Recentemente, conseguimos imprimir nosso jornal e distribuímos 10 mil cópias, o que foi um passo fundamental para ampliarmos a nossa atuação. Lutamos por mais orçamento, pelo fim das intervenções e da lista tríplice e, para isso, é fundamental a organização de professores e estudantes. Vencemos o fascismo nas ruas, mas os desafios não cessaram, como a defasagem do orçamento das universidades públicas", apontou.
Após a mesa de abertura, Rivânia Moura, que deixa a presidência da entidade, em um discurso emocionado, agradeceu a confiança depositada na sua gestão e afirmou que cumpriu o objetivo de defender a Educação e os serviços públicos. "Assumimos a diretoria do ANDES-SN em um momento extremamente difícil mundialmente e no Brasil. Período de profunda dor em decorrência da pandemia, conjugada com um governo de extrema direita, negacionista, fascista, que fez com que vivêssemos um cenário extremamente difícil para a classe trabalhadora no nosso país, com a negação da vacina e a negação do isolamento social. Diante desse cenário, conseguimos manter o ANDES-SN vivo e atuante em todas as frentes de luta e construímos a mais ampla unidade para enfrentar o fascismo nas ruas. Podemos destacar as lutas em defesa da Educação e as lutas contra a PEC 32 - mesmo no cenário de pandemia, conseguimos nos mobilizar durante 14 semanas em Brasília e tivemos uma vitória, embora parcial, com a não tramitação da proposta. Encerramos essa gestão com a certeza de que o Sindicato Nacional continua na direção de seus princípios de autonomia e independência de classe e isso faz com que o ANDES-SN seja referência na luta da nossa categoria e da classe trabalhadora no Brasil", resumiu.
"Desejamos à nova gestão, biênio 2023/2025, que tenha muita coragem e força para enfrentar todos os desafios e ataques à classe trabalhadora, à nossa categoria e à educação pública. Uma boa gestão certamente só se faz com toda a nossa categoria, com a nossa base organizada e mobilizada para os enfrentamentos e desafios desse próximo período", completou.
Nova diretoria
Na sequência, ocorreu a posse da nova diretoria do Sindicato Nacional para o biênio 2023/2025, eleita em maio deste ano (foto ao final). Gustavo Seferian, Francieli Rebelatto e Jennifer Webb assumiram, respectivamente, os cargos de presidente, secretária-geral e 1ª tesoureira.
O presidente empossado, Gustavo Seferian, destacou que os desafios do Sindicato Nacional são diversos. "O ANDES-SN vive o que são os efeitos de um processo de reorganização do mundo do trabalho, da ofensiva dos interesses do Capital, que nos interdita a ter laços de solidariedade, vivência e identificação com os nossos companheiros de trabalho e de luta, e isso passa por enfrentar o que são ainda os efeitos de certa virtualização das nossas atividades de trabalho, a retomada dos nossos espaços em universidades, institutos federais e Cefets
Essa é a primeira tarefa, e indispensável, para a construção da presencialidade da nossa luta, militância política e também um reaquecer desse lugar do Sindicato Nacional e do movimento sindical, como um instrumento de luta e da consagração dos nossos interesses", afirmou. "A gente não pode recair no que são os cantos de vantagem da institucionalidade, do parlamentarismo ou de qualquer outra saída que não seja aquela que nós conhecemos muito bem e construímos nesses 42 anos de existência do ANDES-SN, que é na formação da luta, na organização de base e no fortalecimento da nossa entidade", acrescentou.
Além da ex-presidenta e do novo presidente, a mesa de abertura foi composta ainda pelas diretoras e diretores do Sindicato Nacional da gestão anterior: Regina Avila, secretária-geral; Amauri Fragoso, 1º tesoureiro; Cristine Hirsch, 1ª vice-presidente da Regional Nordeste II. Além de membros da nova gestão: Francieli Rebelatto, secretária-geral (2ª secretária-geral na gestão 2020-2023) e Jennifer Webb, 1ª tesoureira (3ª tesoureira na gestão 2020-2023).
TR extra
Após a abertura e a posse, foi realizada a plenária de Instalação, com aprovação do regimento, do cronograma e da pauta do 66º Conad do ANDES-SN. Foi aprovada a inclusão de um texto de resolução (TR) extra, proposto pela Diretoria Nacional, referente ao ataque do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a professores e professoras, durante um evento pró-armas em Brasília (DF), no dia 9 de julho deste ano.
O TR "Pela responsabilização de Eduardo Bolsonaro por suas declarações criminalizando trabalhadora(e)s da educação e lutar pela revalorização de nossa identidade" foi apresentado por Raquel Dias, 1ª vice-presidenta do ANDES-SN, e será discutido nos grupos de trabalho e na plenária do Tema 2.
Ainda nesta tarde, as e os docentes debatem sobre a conjuntura e movimento docente na plenária no Tema I. As e os participantes terão como tarefa, neste 66º Conad, atualizar o Plano de Lutas do Sindicato Nacional, incluindo os textos de resoluções que foram remetidos do 41º Congresso, realizado em fevereiro no Acre, para deliberação neste evento. E, ainda, aprovar a prestação de contas do Sindicato Nacional.
Apresentação cultural
Antes do início da plenária de Abertura, houve a apresentação de Ivanildo Vila Nova, um dos maiores repentistas em atividade, e Felipe Pereira, representante da nova geração de poetas da cultura popular paraibana. O repente é uma arte brasileira baseada no improviso cantado, alternado por dois cantores.
Revista e Enquete
Ainda na Abertura, foi lançado o exemplar nº 72 da revista "Universidade e Sociedade", que tem como tema "A crise ecológica e socioambiental: territórios, política e meio ambiente". Jennifer Webb, representante da comissão executiva da revista, apresentou às e aos participantes um dos instrumentos de luta e formação do Sindicato Nacional. Acesse aqui.
Também ocorreu o lançamento do resultado da enquete sobre as condições de trabalho e saúde docente, com professores e professoras atuam nas universidades federais, estaduais e municipais, nos institutos federais e cefets. A enquete utilizou como base a Enquete Operária de Karl Marx, que tinha como objetivo investigar as condições de vida e de saúde da classe trabalhadora. O levantamento preliminar apontou que 75% das e dos docentes se sentem sobrecarregados sempre ou frequentemente e 79% se sentem pressionados sempre ou frequentemente. Acesse aqui o relatório
66º Conad
O evento ocorre de 14 a 16 de julho na cidade de Campina Grande (PB), na UFCG, e sob organização da Associação de Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (Adufcg SSind.).