Essa segunda feira (13) foi marcada por atos em defesa das retomadas indígenas do estado de Mato Grosso do Sul. A Associação de Docentes das Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - Seção Sindical do ANDES-SN (Aduems SSind) realizou, em parceria com o ANDES-SN e o Comitê de Luta das Retomadas, uma plenária, na manhã de segunda, na sede do sindicato, em Dourados, com foco no debate dos direitos das e dos indígenas que se encontram nestas áreas. Na atividade, foi destacado que o mês de março é um período de luta pelos direitos da mulheres e elas são a maioria nestas localidades, defendendo e batalhando por alimentação, pelo direito à terra e por uma vida digna para suas famílias.
A plenária contou com a participação dos indígenas das retomadas Aratikuti, Nhu Vera e Avaete e debateu questões como a falta de alimentação nessas áreas, o que está ocasionando muitos problemas para as famílias que estão lutando pelo seu direito à terra. Em seguida, houve uma manifestação em frente à sede da Funai para reforçar a necessidade de que o governo tome providências em relação à demarcação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul.
De acordo com o presidente da Aduems SSind., Esmael Machado, o descaso com a população indígena no Mato Grosso do Sul não é um problema recente. “Com a pandemia da Covid-19, os indígenas foram altamente afetados, resultando em uma situação trágica. Em 2020, ONGs de outros estados se mobilizaram e arrecadaram cestas básicas para serem distribuídas às famílias do MSque estão nas retomadas e têm sobrevivido atéentão com doações e campanhas. A Aduems SSind faz a sua parte com campanhas de arrecadação de mantimentos, denunciando, cobrando e escutando as necessidades dessas comunidades”, disse o presidente.
O professor da UEMS, Marcelo Bartace, um dos líderes dos movimentos em defesa dos povos indígenas, acredita que, com a recém mudança de governo, essa situação ainda não tenha chegado ao conhecimento da Presidência do país. “Os índios estão passando fome e essa é uma questão que sempre foi de grande atenção do presidente Lula. Por isso, entendemos que ele ainda não esteja ciente da situação. O objetivo da nossa manifestação na Funai é de chamar a atenção para a situação deplorável que as famílias das retomadas estão passando”, comentou.
Bartace ainda reforçou que a situação em que os e as indígenas se encontram não é deplorável apenas pela falta de alimento. Em visita à Retomada Avaete nesse mês de março, foi relatado que também falta água, instrumentos de trabalho para plantação, além de estarem há cinco meses sem receber cestas básicas. O professor apela para que outras instituições abracem a causa indígena através de ações. “Não adianta fazer nota de repúdio ou sentar e esperar posições de partidos. A única maneira de conseguir resolver o problema da fome é através de mobilizações como a que estamos fazendo, porque via diálogo institucional, isso não vai avançar”, relata.
Segundo a indígena Cunha, o momento é de lutar pelos direitos dos povos indígenas. “Eu estou lutando pelas nossas mulheres, pelos nossos homens, pelas nossas famílias, pelos nossos netos, porque nós precisamos reconquistar a nossa terra, o que é nosso por direito. Queremos renovar o nosso sonho e esse é o nosso sentimento nessa caminhada. Somos mulheres raiz da terra e vamos morrer nessa terra retomada como mulher raiz”, disse ela.
Já a indígena Nayara da Silva ressaltou que as comunidades das áreas de retomada estão pedindo socorro. “Quero pedir um reforço pra vocês, sou moradora da retomada há mais de seis anos, então eu conheço a realidade de lá. Precisamos de alimentação, de médico, precisamos de plantas e precisamos de ferramenta pra gente poder se manter”, concluiu ela.
Fonte: Aduems SSind. com edição do ANDES-SN