As mulheres argentinas devem apresentar em março um novo Projeto de Lei para legalizar o aborto no país. Em 2018, após enormes mobilizações, as mulheres conseguiram pressionar a Câmara dos Deputados a aprovar projeto semelhante. No entanto, em agosto, o Senado argentino rejeitou o projeto, mantendo em vigor lei de 1921 que criminaliza o aborto.
Na terça (19), centenas de milhares de mulheres saíram às ruas da Argentina para retomar a luta pela legalização do aborto no país. Carregando lenços verdes, o símbolo da luta pelo aborto, as argentinas celebraram o aniversário de um ano da grande mobilização de 2018. Na ocasião, a manifestação colocou a luta pelo aborto no centro da agenda política do país.
A manifestação foi organizada pela Campanha em Favor do Aborto Legal, Seguro e Gratuito, que reúne mais de 700 organizações. As mulheres protestaram contra as relações entre o Estado e a Igreja Católica. Também expuseram o nome dos 38 senadores que votaram a favor do aborto clandestino em 2018.
A Campanha em Favor do Aborto Legal, Seguro e Gratuito planeja a retomada das mobilizações no país. Em 8 de Março, Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora, novas manifestações ocorrerão em todo o país, tendo como um dos focos a luta pela legalização do aborto. Algumas categorias de trabalhadoras também devem aderir à Greve Internacional de Mulheres.
O novo projeto para legalizar o aborto deve ser discutido pelo Congresso no próximo ano legislativo, em 2020. Antes, em outubro de 2019, haverá eleições na Argentina. Além do presidente, serão eleitos governadores e parte dos deputados e senadores do país.
Segundo dados extraoficiais, a cada um minuto e meio uma argentina interrompe sua gestação. Os hospitais do país atendem, em média, 50 mil mulheres por ano com complicações derivadas de abortos clandestinos.