Os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes completaram quatro anos, no dia 14 de março (segunda-feira). E, até o momento, o crime político não foi solucionado e o Estado não apresentou resposta para as perguntas: Quem mandou matar Marielle Franco e por quê?
Assim como nos últimos três anos, atos em diversas cidades como Rio de Janeiro e Niterói (RJ), Brasília (DF), São Paulo (SP), João Pessoa (PB), Salvador e Porto Seguro (BA), Aracaju (SE), Belém (PA) e Porto Alegre (RS), marcaram a data. Manifestantes foram às ruas gritar por justiça, pelo fim da violência política, especialmente contra as mulheres, e para cobrar transparência e agilidade nas investigações.
Na capital fluminense, centenas ocuparam, desde as primeiras horas, a escadaria da Câmara Municipal, no “Amanhecer por Marielle”. O ato marcou o espaço de poder que Marielle - mulher negra, cria de uma favela, bissexual e uma das principais lideranças da esquerda carioca - ocupou, tendo sido eleita em 2016 com 46.052 votos. Cobrou também esclarecimento do crime e a responsabilização de seus mandantes.
A Anistia Internacional fez uma intervenção urbana no local, com uma instalação de mais de 2 metros de altura, que simulou o processo judicial inconcluso e destacou a falta de acesso às informações. Advogados das famílias protocolaram um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, para que as informações dos autos de investigação sobre quem ordenou o assassinato sejam compartilhadas.
A partir das 16 horas, foi realizado o Festival “Marielle Franco e Anderson Gomes”, no Circo Voador, na Lapa, contou com a presença de artistas e familiares das vítimas, que reforçaram o pedido por justiça. Organizada pelo Instituto Marielle Franco, a atividade contou com uma agenda construída em colaboração com lideranças, coletivos, organizações e movimentos populares.
No centro de São Paulo, houve uma homenagem no Viaduto do Chá, com diversas faixas com frases como “Marielle vive” e “Afronte o machismo, racismo e a LGBTfobia”.
Em Brasília, militantes se reuniram na praça Marielle Franco, no Setor Comercial Sul, com placas com o nome da vereadora e palavras de ordem, exigindo respostas ao assassinato e também o fim da violência contra mulheres na política e contra defensores e defensoras de direitos humanos. Nessa terça (15), foi realizado um ato simbólico no saguão do Salão Verde da Câmara dos Deputados, seguidos de uma sessão solene no Plenário da Casa. Além de parlamentares e militantes, participaram também da atividade, por vídeo, familiares de Marielle e de Anderson.
Relembre o caso
Na noite de 14 de março de 2018, a quinta vereadora mais votada do Rio e terceira mulher negra a ocupar um assento na Câmara de Vereadores, Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, que a acompanhava após uma atividade no centro carioca, foram emboscados e assassinados com tiros.
As investigações revelaram o envolvimento da milícia no crime. Em 2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou Ronnie Lessa, sargento reformado, e Élcio de Queiroz, ex-policial militar, como executores do assassinato. O primeiro seria o autor dos disparos e o segundo dirigia o carro em que os dois estavam. Ambos estão presos e irão a júri popular, ainda sem data marcada.
As investigações já passaram pelo comando de cinco delegados, no entanto até o momento não foram concluídas. Nos últimos três meses, o Ministério Público do Rio de Janeiro colheu novos depoimentos relacionados, com objetivo de apurar os mandantes do assassinato. Porém, as famílias e toda a sociedade seguem sem respostas concretas e sem acesso aos processos.
Em entrevista ao site Metrópoles, a jornalista Fernanda Chaves, na época assessora de Marielle e única sobrevivente do atentado destacou que, além de respostas sobre quem mandou matar Marielle e o porquê, é importante saber quais são as forças que operam de tal modo a dificultar a solução de um dos crimes políticos mais relevantes da história recente do país.
*com informações do PSol, Esquerda Online e Metrópoles. Fotos: Capa: Tomaz Silva/ Agência Brasil, demais PSol/Divulgação.