Brasil registrou uma agressão a jornalista por dia em 2022, diz Fenaj

Publicado em 27 de Janeiro de 2023 às 09h24.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em 2022, foram registrados 376 casos de agressões a jornalistas e veículos de comunicação no Brasil, o que equivale a praticamente um caso por dia. Os dados são do Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2022, divulgado na quarta-feira (25) pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). 

De acordo com o levantamento, o número manteve-se em níveis elevados, apesar da queda registrada em comparação ao ano anterior. Foram 54 casos a menos que os 430 registrados em 2021, ano recorde desde o início da série histórica dos levantamentos feitos pela federação. Apesar da queda de 12,53% em relação ao ano anterior, o relatório constata que as agressões diretas a jornalistas tiveram crescimento em todas as regiões do país, com profissionais sendo atacados cotidianamente.

O documento aponta que a descredibilização da imprensa voltou a ser a violência mais frequente, em 2022, apesar de ter diminuído 33,59% em comparação com o ano anterior. Foram 87 casos de ataques genéricos e generalizados, que buscaram desqualificar a informação jornalística. Em 2021, foram 131 episódios. Em segundo lugar aparecem as ameaças, hostilizações e intimidações com 77 casos (44 a mais que os 33 registrados em 2021). Houve um crescimento de 133,33% nas ocorrências.

Já as agressões físicas aumentaram 88,46%, passando de 26 para 49 no ano passado. A entidade destacou o brutal assassinato do jornalista britânico Dom Phillips, numa emboscada, junto com o indigenista Bruno Pereira, em Atalaia do Norte (AM).

Os impedimentos ao exercício profissional cresceram 200%: foram 21 casos em 2022, já no ano anterior foram 7. Também tiveram crescimento significativo (125%) os ataques cibernéticos a veículos de comunicação, passando de quatro para nove episódios.

A censura, que já foi a categoria de violência com maior número de casos em 2021, caiu para a terceira posição, em 2022. “A queda foi de 54,96% e muito provavelmente se deu pela diminuição no número de denúncias e não dos episódios propriamente ditos, a grande maioria na Empresa Brasil de Comunicação (EBC)”, diz a Fenaj.

“O ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como nos três anos anteriores, foi o principal agressor. Sozinho, ele foi responsável por 104 casos (27,66% do total), sendo 80 episódios de descredibilização da imprensa e 24 agressões diretas a jornalistas (10 agressões verbais e 14 hostilizações)”, afirma a entidade.

De acordo com a presidenta da Fenaj, Samira de Castro, esse resultado pode ser explicado pela tensão política no país. “A sociedade passa, nesse momento de tensionamento político, a questionar as instituições estabelecidas. A imprensa é uma dessas instituições. Então, a gente precisa de um discurso institucional que valorize o jornalismo profissional a partir de agora, para poder a própria sociedade entender, que quando ela agride um jornalista, ela está retirando dela mesma o direito de ser informada”, ressalta.

Samira aponta meios para reverter a situação. “É preciso campanhas de sensibilização, a instalação do próprio Observatório Nacional da Violência contra o Jornalista, um protocolo nacional de segurança com as forças policiais porque também são forças agressoras da imprensa. E a partir de tudo isso, a sociedade voltar a compreender que o jornalismo é, sim, uma forma de conhecimento imediato da realidade e que estabelece um direito humano, que é você ser informado e poder saber da sua realidade imediata a partir do trabalho das repórteres, dos repórteres, enfim, de todos os jornalistas”, conclui.

Com informações de Agência Brasil

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