Docentes, técnicos e estudantes foram impedidos de entrar no prédio da reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para colar cartazes e protestar contra a proposta de retomada do calendário acadêmico que estava sendo discutida em reunião virtual do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), na tarde desta quinta-feira (13).
Segundo Ana Carolina Galvão, presidente da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes Seção Sindical do ANDES-SN), a reunião ainda está em curso e deve ser encerrada por volta das 20 horas.
A presidente da Adufes SSind. teve espaço de fala de apenas cinco minutos na reunião e usou parte do seu tempo para repudiar o tratamento dado aos manifestantes. Em sua fala, a docente ressaltou que diálogo não se faz com pouco esforço e cobrou o respeito ao espaço democrático e aberto à divergência e controvérsia que deve ser a universidade.
“Quando entrei na sessão reclamei da forma como os colegas foram tratados na porta do prédio. As sessões são virtuais, mas o reitor estava no prédio. Só queríamos colocar cartazes no prédio da reitoria e fomos truculentamente impedidos”, afirmou.
Sobre a participação da seção sindical na reunião, Ana Carolina disse que é o espaço dado não permite aprofundar a reflexão. “Eles deixam a seção sindical para falar por míseros cinco minutos por um conjunto de deliberações que em tão pouco tempo fica inviabilizado”, avaliou.
Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver policiais militares impedindo a entrada no prédio e discutindo com manifestantes.
“Fomos impedidos de entrar na reitoria, como sempre fazemos, para manifestarmos em relação à vida da comunidade acadêmica que está sendo decida em reunião dos conselhos superiores. Hoje, está acontecendo uma reunião do Cepe e fomos recebidos com a truculência da PM”, relata, em um dos vídeos, a professora Júnia Zaidan, também diretora da Adufes SSind.
“Estamos lastimando, revoltados com a forma como nós estamos sendo tratados sem diálogo, de forma autoritária, impedindo o nosso trânsito na universidade”, acrescenta a docente.
Protesto na Ufes
A reunião faria a discussão sobre a implantação de um semestre especial na Ufes, com adoção de ensino remoto (Earte). Estudantes, docentes e técnicos, respeitando todas as medidas sanitárias e mantendo o distanciamento social, estavam no campus de Goiabeiras da Ufes protestar e colar cartazes contra a proposta.
Entidades representativas da comunidade acadêmica – Adufes, DCE e Sintufes – solicitaram ao presidente do Conselho, reitor Paulo Vargas, que a sessão fosse transmitida ao vivo e que os votos fossem abertos.
Em reposta às entidades, o reitor negou o pedido para a sessão desta quinta feira e também a de ontem, do Conselho Universitário. No despacho, ele afirma que a Administração vislumbra “num futuro próximo, transmitir todas as sessões dos Conselhos Superiores, assim que possível, a partir da aprovação de um protocolo que seja apreciado e aprovado pelos conselheiros e conselheiras quanto aos seus direitos, proteção legal contra usos indevidos da imagem pessoal e profissional e dos conteúdos tratados nas reuniões, bem como dos termos de compromisso, responsabilidade e ciência assinados, no que se refere as transmissões abertas e transmitidas em tempo real. Esse protocolo será elaborado e apresentado aos Conselhos Superiores para aprovação num momento próximo oportuno”.
Porém, segundo a Adufes SSind, o artigo 25 do Regimento Interno do Conselho Universitário, em seu § 3.º determina, desde 2016, conforme a Resolução nº 52/2016, que as sessões ordinárias e extraordinárias deverão ser transmitidas ao vivo via internet.
Quanto à votação aberta, o reitor ressalta no ofício que a solicitação será levada para apreciação em plenária.
*Com informações e fotos da Adufes SSind.