A Universidade Federal do Ceará (UFC), assim como muitas instituições públicas de ensino, sofre com a escassez de financiamento e, consequente, o sucateamento nas suas instalações. Representantes do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato) percorreram diferentes unidades acadêmicas, em Fortaleza, e conversaram com docentes, técnicas e técnicos sobre os problemas estruturais, que incluem canteiros de obras abandonadas, prédio histórico com risco de desabamento e blocos didáticos desativados.
De acordo com a entidade, o reitor interventor desde 2019, Cândido Albuquerque, assegurou, no dia 13 de maio, que inúmeras obras paralisadas foram “replanejadas, retomadas, melhoradas e entregues para o uso e benefício de toda a comunidade acadêmica”.
Na visita aos campi, a Adufc-Sindicato se deparou com a falta de pintura nos prédios e o revestimento precário das paredes, além de problemas de ordem sanitária, como a presença de roedores e cupins em departamentos, como o de Engenharia Mecânica. Portas das salas chegaram a cair, por infestação de cupim. No Centro de Tecnologia também há reclamações de falta de computadores adequados, para o trabalho das e dos docentes, de aparelhos de ar condicionados e de projetores, conforme já foi informado pela Adufc-Sindicato à reitoria.
Já o prédio do Instituto de Cultura e Arte (ICA), no Campus do Pici, que deveria sediar os cursos de Cinema e Audiovisual, Dança, Design – Moda, Filosofia, Gastronomia, Jornalismo, Música, Publicidade e Propaganda e Teatro nunca foi concluído e não há qualquer perspectiva de que a obra seja retomada. O curso de Jornalismo precisou ser abrigado em outro prédio. As construções foram isoladas, por meio de uma parede, e hoje o local tornou-se um risco à comunidade universitária. Segundo os relatos ao sindicato, o espaço passou a ser utilizado por pessoas de fora da universidade e já ocorreram roubos no prédio, o que tem gerado um clima de insegurança.
Também está em situação precária um dos blocos do curso de Gastronomia, que deveria abrigar quatro laboratórios. Os espaços nunca foram equipados e todo o bloco está sem energia elétrica. Para assistir às aulas que deveriam ser ministradas nestes laboratórios, estudantes do curso recorreram ao Departamento de Engenharia de Alimentos. Mesmo com a cooperação, a infraestrutura dos dois espaços não contempla, integralmente, as demandas do curso de Gastronomia, que requer equipamentos específicos para que a grade curricular seja cumprida adequadamente. “As aulas acabam ficando limitadas”, relata uma funcionária.
Outra situação grave é a do prédio histórico no Centro de Humanidades II, que está desativado por risco de desabamento, com o telhado comprometido e sem condições sanitárias de acesso. “Está fechada e em condição horrível, tornou-se um local totalmente perigoso”, aponta uma professora do curso de Jornalismo. Como o prédio teve de ser desocupado por oferecer risco de habitação, as e os estudantes dos centros acadêmicos de Jornalismo e Psicologia foram acomodados em salas improvisadas nos respectivos cursos.
Nem mesmo água e café são disponibilizados nos departamentos. “Não temos nem água nem café, apesar de o reitor dizer que garante água e café para todos os cursos da UFC. Aqui, os professores fazem uma vaquinha para comprar”, diz docente do curso de Jornalismo. Até a cafeteira utilizada é de um dos professores, que comprou com recursos próprios e levou para a universidade. O relato é o mesmo em outras unidades acadêmicas.
De acordo com o sindicato, apesar dos ataques incessantes, a Adufc-Sindicato seguirá cumprindo o seu papel de defender a categoria docente e lutar por uma universidade pública, gratuita e democrática. “Continuaremos denunciando à sociedade a realidade que não é retratada no site da UFC”, afirma a entidade sindical.
Após as denúncias, conforme a Adufc-Sindicato, o reitor interventor Cândido Albuquerque insistiu para que o sindicato revelasse as identidades das e dos profissionais denunciantes, na tentativa de repetir práticas largamente adotadas por sua administração, como o rebaixamento de notas de avaliação docente ou ameaças de processos administrativos e criminais.
Com informações da Adufc-Sindicato
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