Comunidade acadêmica denuncia sucateamento na Universidade Federal do Ceará (UFC)

Publicado em 26 de Maio de 2022 às 16h54. Atualizado em 26 de Maio de 2022 às 17h07
Prédio do curso de Jornalismo está abandonado e isolado por uma parede. Foto: Adufc-Sindicato

A Universidade Federal do Ceará (UFC), assim como muitas instituições públicas de ensino, sofre com a escassez de financiamento e, consequente, o sucateamento nas suas instalações. Representantes do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato) percorreram diferentes unidades acadêmicas, em Fortaleza, e conversaram com docentes, técnicas e técnicos sobre os problemas estruturais, que incluem canteiros de obras abandonadas, prédio histórico com risco de desabamento e blocos didáticos desativados.

De acordo com a entidade, o reitor interventor desde 2019, Cândido Albuquerque, assegurou, no dia 13 de maio, que inúmeras obras paralisadas foram “replanejadas, retomadas, melhoradas e entregues para o uso e benefício de toda a comunidade acadêmica”. 

Na visita aos campi, a Adufc-Sindicato se deparou com a falta de pintura nos prédios e o revestimento precário das paredes, além de problemas de ordem sanitária, como a presença de roedores e cupins em departamentos, como o de Engenharia Mecânica. Portas das salas chegaram a cair, por infestação de cupim. No Centro de Tecnologia também há reclamações de falta de computadores adequados, para o trabalho das e dos docentes, de aparelhos de ar condicionados e de projetores, conforme já foi informado pela Adufc-Sindicato à reitoria. 

Vista do prédio que deveria sediar o curso de Jornalismo – com acesso isolado. Foto: Adufc-Sindicato

Já o prédio do Instituto de Cultura e Arte (ICA), no Campus do Pici, que deveria sediar os cursos de Cinema e Audiovisual, Dança, Design – Moda, Filosofia, Gastronomia, Jornalismo, Música, Publicidade e Propaganda e Teatro nunca foi concluído e não há qualquer perspectiva de que a obra seja retomada. O curso de Jornalismo precisou ser abrigado em outro prédio. As construções foram isoladas, por meio de uma parede, e hoje o local tornou-se um risco à comunidade universitária.  Segundo os relatos ao sindicato, o espaço passou a ser utilizado por pessoas de fora da universidade e já ocorreram roubos no prédio, o que tem gerado um clima de insegurança. 

Também está em situação precária um dos blocos do curso de Gastronomia, que deveria abrigar quatro laboratórios. Os espaços nunca foram equipados e todo o bloco está sem energia elétrica. Para assistir às aulas que deveriam ser ministradas nestes laboratórios, estudantes do curso recorreram ao Departamento de Engenharia de Alimentos. Mesmo com a cooperação, a infraestrutura dos dois espaços não contempla, integralmente, as demandas do curso de Gastronomia, que requer equipamentos específicos para que a grade curricular seja cumprida adequadamente. “As aulas acabam ficando limitadas”, relata uma funcionária.

Outra situação grave é a do prédio histórico no Centro de Humanidades II, que está desativado por risco de desabamento, com o telhado comprometido e sem condições sanitárias de acesso. “Está fechada e em condição horrível, tornou-se um local totalmente perigoso”, aponta uma professora do curso de Jornalismo. Como o prédio teve de ser desocupado por oferecer risco de habitação, as e os estudantes dos centros acadêmicos de Jornalismo e Psicologia foram acomodados em salas improvisadas nos respectivos cursos.

Prédio sem manutenção básica no Departamento de Engenharia de Transportes (Pici). Foto: Adufc-Sindicato

Nem mesmo água e café são disponibilizados nos departamentos. “Não temos nem água nem café, apesar de o reitor dizer que garante água e café para todos os cursos da UFC. Aqui, os professores fazem uma vaquinha para comprar”, diz docente do curso de Jornalismo. Até a cafeteira utilizada é de um dos professores, que comprou com recursos próprios e levou para a universidade. O relato é o mesmo em outras unidades acadêmicas.

De acordo com o sindicato, apesar dos ataques incessantes, a Adufc-Sindicato seguirá cumprindo o seu papel de defender a categoria docente e lutar por uma universidade pública, gratuita e democrática. “Continuaremos denunciando à sociedade a realidade que não é retratada no site da UFC”, afirma a entidade sindical. 

Após as denúncias, conforme a Adufc-Sindicato, o reitor interventor Cândido Albuquerque insistiu para que o sindicato revelasse as identidades das e dos profissionais denunciantes, na tentativa de repetir práticas largamente adotadas por sua administração, como o rebaixamento de notas de avaliação docente ou ameaças de processos administrativos e criminais.

Com informações da Adufc-Sindicato

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