Devastação da Amazônia atinge maior nível dos últimos 15 anos

Publicado em 24 de Novembro de 2021 às 18h16. Atualizado em 25 de Novembro de 2021 às 09h17

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento da Amazônia atingiu a marca de 13.235 km² quadrados, entre 1º de agosto de 2020 e 31 julho de 2021. O número representa uma alta de 22% na comparação com o ano anterior.

Esse é o maior nível de devastação da Amazônia dos últimos 15 anos. Em 2006, o levantamento aprontou 14.286 km² destruídos. Além disso, a alta é a terceira consecutiva desde o início do governo Bolsonaro, e também a primeira vez desde 1988, ano de início das medições, que a devastação sobe por quatro anos seguidos.

Na segunda-feira (22), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, convocou uma coletiva e declarou que considera “inaceitáveis” os números sobre o desmatamento na Amazônia e que irá atuar de forma “contundente” contra os crimes ambientais. No entanto, até o momento o governo não divulgou nenhuma medida concreta para barrar as ações criminosas. 

Ao contrário, desde que assumiu a presidência Jair Bolsonaro e seus ministros vêm promovendo o desmonte dos órgãos de controle, fiscalização e defesa ambiental e perseguindo servidores e servidoras que se posicionam contra a política de apoio à grilagem e desmatamento. Em três anos de governo, a média do desmatamento é de 11.405 quilômetros quadrados anuais, um número 51% maior do que em 2018, último ano do governo Temer, e 75% maior do que a média dos dez anos anteriores (2009-2018).

Em defesa de interesses do agronegócio, de madeireiras, mineradoras e garimpo ilegal, Bolsonaro adotou uma política totalmente anti-ambiental e de desmonte da fiscalização e controle.

No primeiro dia de governo, o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia foi abandonado. O Ibama, a quem Bolsonaro chamou de “indústria da multa”, e o ICMBio foram desmontados, com falta de investimentos, e militarizado. Com o ex-ministro Ricardo Salles, o Ministério do Meio Ambiente agiu de forma consciente para “passar a boiada” nas regulações ambientais.

Chuva de agrotóxicos para desmatar
Em razão do sucateamento e militarização dos órgãos de controle, além do aumento do garimpo ilegal, desmatamento, invasão de territórios indígenas e de povos originários, vem ocorrendo fatos absurdos como o revelado por um levantamento inédito do Repórter Brasil e da Agência Pública.

Para acelerar o desmatamento de grandes áreas e abrir espaço para a soja e o gado, fazendeiros estão jogando grandes quantidades de agrotóxicos de avião sobre a floresta Amazônica e outros biomas. Nos últimos 10 anos, cerca de 30 mil hectares de vegetação nativa foram literalmente envenenados. A área corresponde a 30 mil campos de futebol.

Segundo o Observatório do Clima, a maior parte (46%) dos gases estufa emitidos pelo país são provenientes do desmatamento. De acordo com a organização, o Brasil continua, desde 2010, a ampliar suas emissões. No ano passado, em plena pandemia, o aumento do despejo de gases de efeito estufa, pelo país, na atmosfera, foi de 9,5%. No restante do mundo, porém, houve uma redução de cerca de 7%.

“O resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro. É o triunfo de um projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“Diferentemente da propaganda que o governo e seus aliados no agro e na indústria levaram à COP26, em Glasgow, o Brasil real é este, da terra arrasada, da violência contra populações tradicionais e do crime organizado agindo sem controle na Amazônia”, lamentou Astrini.

Segundo ele, para resolver o problema, a condição ímpar é a mudança do governo. “Não existe a menor possiblidade de ter esperança com Bolsonaro na presidência da República”, pontuou.

Ataques no Congresso
No Congresso, tramitam atualmente pelo menos cinco projetos de lei que podem piorar ainda mais a situação: os PLs 2.633 e 510, que anistiam a grilagem; o PL 3.729, que praticamente extingue o licenciamento; e os PLs 490 e 191, que ameaçam as terras indígenas. Todos apoiados pelo governo Bolsonaro e pela bancada ruralista.

Fonte: CSP Conlutas, com informações Repórter Brasil e Observatório do Clima. Edição do ANDES-SN.

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