Docentes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) iniciaram uma greve, nesta segunda-feira (18), diante ausência de diálogo com administração estadual. A categoria tenta desde novembro do ano passado, sem sucesso, uma audiência com o governo do estado.
A paralisação por tempo indeterminado foi decidida em assembleia, com a presença de docentes dos campi da capital e do interior. Estiveram presentes representantes dos campi de Corrente, Floriano, Oeiras, Parnaíba, Piripiri, Campo Maior e Picos.
A categoria reivindica o cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Isso implica na implantação imediata de progressões, promoções e mudanças de regime de trabalho. Além disso, na realização de novo concurso público para efetivação do quadro docente e a nomeação imediata de todos os Classificados no último concurso. Os docentes cobram também a reposição das perdas salariais dos últimos seis anos e recursos para execução de atividades acadêmicas. Demandam garantia e ampliação das bolsas estudantis de iniciação científica, programas de extensão, monitorias remuneradas e bolsa trabalho.
“Nossos problemas são muitos e são gritantes. São quase 300 disciplinas sem professor neste início de semestre letivo. A falta de estrutura e de recursos materiais e humanos comprometem o funcionamento da instituição. Por isso a garantia, ampliação e o cumprimento integral do orçamento da Uespi são questões fundamentais. Só assim conseguiremos assegurar uma estrutura digna, professores suficientes, o fortalecimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, a ampliação de bolsas estudantis e uma Política de Assistência estudantil decente”, afirma Rosângela Assunção, coordenadora geral da Associação dos Docentes da Uespi (Adcesp Seção Sindical do ANDES-SN).
As perdas salariais da categoria docente, nos últimos seis anos, passam de 33%. “O cenário que já está ruim tende a ficar ainda pior, já que as medidas anunciadas pelo Governo Wellington Dias [PT] devem aprofundar ainda mais essa crise já instalada da Uespi”, afirma Antônio Dias, coordenador de comunicação da Adcesp SSind.
A política constante de “arrocho econômico” vem, neste momento, acompanhada de uma reforma administrativa. O governo publicou medidas que mitigam ainda mais os recursos para a universidade. Entre essas estão a não previsão de abertura de concurso para docentes, o congelamento dos salários, progressões e promoções funcionais de docentes e servidores.
Além disso, houve a suspensão das monitorias remuneradas, bolsa trabalho e auxílio moradia para os estudantes. Servidores terceirizados de serviços gerais e segurança foram demitidos, sendo que tais trabalhadores amargam três meses de salários atrasados. Há ainda a ameaça de cancelamento de editais de bolsas de pesquisa e extensão. "Aprovamos também nossa solidariedade aos terceirizados e cobramos que eles tenham seus direitos respeitados", completou Antônio Dias.
Mobilização
Desde a semana passada, o comando de greve e a Coordenação Estadual da Adcesp SSind. estão organizando ações de mobilização. Realizam panfletagens junto aos estudantes e professores da instituição, com a distribuição da “Carta Aberta à Comunidade Uespiana e à Sociedade Piauiense". Representes da Adcesp SSind. também estão participando de recepções de calouros, organizadas pelos Centros Acadêmicos e pelo DCE. Apresentam aos novos estudantes a situação de extrema precariedade da Uespi e a necessidade do movimento do greve. Ressaltam ainda a importância dos estudantes se organizarem e somarem na mobilização em defesa da Universidade.
Fonte: Adcesp SSind. Com edição do ANDES-SN.