Desde o ano passado, docentes vêm denunciando a situação precária do Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), no campus do Junco, na cidade de Sobral (CE). Em agosto de 2021, a Seção Sindical do ANDES-SN na UVA (Sindiuva SSind.) fez uma nota detalhada sobre as péssimas condições estruturais do local. Mais de seis meses depois, nada foi feito.
Nesse mês, o Conselho Ampliado do Centro de Ciências Humanas da UVA divulgou documento denunciando a situação precária em que se encontra a Instituição, particularmente o CCH, que concentra os cursos de graduação em Ciências Sociais (bacharelado e licenciatura), em Geografia (bacharelado e licenciatura) e em História (licenciatura) e os cursos de Mestrado Acadêmico em Geografia e Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional. O documento é fruto de reunião do Conselho, realizada em 11 de março.
“A nossa Universidade atende à parcela mais pobre da região noroeste cearense e de suas adjacências, fato que requer ainda mais atenção em um retorno às atividades presenciais no contexto de pandemia de COVID-19. A UVA, especialmente o CCH, mesmo em condições precárias, é responsável por formar quase que a totalidade dos professores que atuam nas redes municipais e estadual de ensino na região e circunvizinhança. A reforma do campus do Junco, que abriga o CCH-UVA na cidade de Sobral, ocorre há mais de três anos, fazendo com que o Centro funcione de forma improvisada e precária em diversos campi da UVA (Betânia, Cidao e Derby)”, afirmam os e as integrantes do Conselho Ampliado do CCH.
Em 7 de março, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UVA baixou uma resolução autorizando o retorno às atividades presenciais na instituição. Com isso, a situação do CCH, e de toda universidade, é ainda mais grave.
A nota do Conselho Ampliado do CCH ressalta, além da situação precária, que expõem a comunidade universitária a ambientes insalubres, diversos equipamentos essenciais do CCH estão fechados, como a biblioteca de Ciências Humanas, auditórios, diversos laboratórios, núcleos, gabinetes de professores/as, sala de informática e sala de vídeo. “É importante destacar que a comunidade universitária do CCH–UVA exige providências das autoridades competentes no sentido de que a reforma do Centro seja concluída o mais breve possível e as instalações prediais e equipamentos sejam entregues em plenas condições de funcionamento”, aponta o documento.
Outra crítica apresentada é o fechamento do restaurante universitário, essencial aos e às estudantes, considerando as condições de deslocamento das e dos discentes. “Neste sentido, a comunidade do CCH exige uma medida alternativa urgente para assegurar as condições mínimas necessárias de permanência dos estudantes na Universidade”, afirma o documento. Confira a íntegra aqui.
Denúncia ao MP/CE
O Sindiuva SSind. do ANDES-SN apresentou uma denúncia formal ao Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE) que, em despacho de 15 de fevereiro de 2022, afirmou ser necessário maior aprofundamento no caso para que o MP tome a medida adequada.
“Considerando a necessidade de realização de diligências”, o MPCE determinou a instauração do Procedimento Administrativo n.º09.2022.00005487-9 para investigar o sucateamento do CCH – campus do Junco da UVA, o que engloba a averiguação da reforma iniciada em fevereiro de 2019, que já ultrapassou três anos, quando deveria ter sido finalizada em 180 dias.
* com informações do Sindiuva SSind. e do Sobral Online
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