Segundo levantamento, até cerca de 260 mil palestinos e palestinas poderão morrer nos próximos seis meses, caso haja escalada nos ataques de Israel
Um estudo divulgado nessa segunda-feira (19) aponta que entre 62.350 e 259.680 palestinos e palestinas poderão morrer, até agosto, de ferimentos ou doenças, caso haja uma escalada nos ataques de Israel na Faixa de Gaza. O levantamento “Crise em Gaza: Projeções de Impacto na Saúde com Base em Cenários” é realizado por equipes da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e do Centro de Saúde Humanitária da Universidade Johns Hopkins.
Segundo as autoras e os autores da pesquisa, o projeto visa estimar o potencial impacto na saúde pública da guerra em Gaza, sob diferentes trajetórias futuras de sua evolução. O primeiro conjunto de projeções abrange um período de seis meses, de 7 de fevereiro a 6 de agosto de 2024. As projeções serão atualizadas periodicamente até maio de 2024. Os números destacados são uma média e todas as projeções apresentam intervalos de incerteza de 95%, conforme mostrado na Tabela Resumo abaixo.
O sumário da pesquisa destaca que as projeções não são previsões do que acontecerá em Gaza, mas fornecem uma gama de possibilidades do que poderá ocorrer sob três cenários distintos: 1) um cessar-fogo permanente imediato; 2) status quo (continuação das condições experimentadas de outubro de 2023 até meados de janeiro); e 3) uma escalada adicional do conflito.
“Ao longo dos próximos seis meses, projetamos que, na ausência de epidemias, ocorreriam 6.550 mortes em excesso sob o cenário de cessar-fogo, aumentando para 58.260 sob o cenário de status quo e 74.290 sob o cenário de escalada. No mesmo período e com a ocorrência de epidemias, nossas projeções aumentam para 11.580, 66.720 e 85.750, respectivamente”, aponta o levantamento.
De acordo com o estudo, sob o cenário de cessar-fogo, as projeções sugerem que as doenças infecciosas seriam a principal causa de mortes em excesso, com 1.520 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 6.550, incluindo epidemias. Lesões traumáticas seguidas de doenças infecciosas seriam as principais causas de mortes em excesso tanto no cenário de status quo (53.450 lesões traumáticas; 2.120 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 10.590, incluindo epidemias) quanto nos cenários de escalada (68.650 lesões traumáticas; 2.720 mortes totais em excesso por doenças infecciosas sem epidemias e 14.180, incluindo epidemias).
“Nossas projeções indicam que, mesmo no melhor cenário de cessar-fogo, milhares de mortes em excesso continuarão a ocorrer, principalmente devido ao tempo necessário para melhorar as condições de água, saneamento e abrigo, reduzir a desnutrição e restaurar os serviços de saúde funcionando em Gaza”, destacam as autoras e os autores.
Conforme a publicação, as projeções são baseadas em uma variedade de dados, disponíveis publicamente, das crises atuais e passadas em Gaza, dados de crises semelhantes e pesquisas publicadas sobre estimativas de mortes em excesso, levando em consideração as limitações e vieses de diferentes fontes de dados. Quando os dados são limitados ou indisponíveis, as projeções se baseiam em consultas a especialistas. “Essas projeções foram elaboradas para ajudar organizações humanitárias, governos e outros atores a planejar sua resposta à crise e tomar decisões sólidas baseadas em evidências. No final, a esperança é que elas contribuam para salvar vidas”, afirmam as pesquisadoras e os pesquisadores.
Confira aqui o levantamento, em inglês
ANDES-SN em solidariedade ao povo palestino
Diante do agravamento da situação na Faixa de Gaza, a diretoria do ANDES-SN reafirma, em nota divulgada nesta terça-feira (20), a solidariedade do Sindicato Nacional com o povo da Palestina. Reitera, ainda, a condenação ao genocídio que está sendo perpetrado contra o povo palestino, pelo governo reacionário do Estado de Israel, do qual mulheres e crianças são as principais vítimas.
“Neste sentido a recente declaração do presidente Lula, no sentido de reconhecer o genocídio do povo palestino da mesma forma que praticado contra os judeus pelo nazismo, não traz imprecisões históricas. Trata-se de um genocídio contra o povo palestino e não de uma guerra. É também louvável a decisão de fazer novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA) diante do boicote a esta agência que o governo dos EUA e alguns governos da Europa, decidiram em apoio ao colonialismo e apartheid do governo de Israel”, afirma a nota.
A diretoria do ANDES-SN afirma, ainda, que o 42º Congresso da categoria, que ocorrerá entre 26 de fevereiro e 1 de março, será um importante momento para que o tema seja colocado em debate e que resoluções acerca da matéria venham a ser tomadas. “Nosso sindicato tem, em reiteradas oportunidades, manifestado apoio à causa palestina, o seu direito à autodeterminação, e de condenação ao massacre e genocídio do povo palestino”, lembra. Leia aqui a nota.