Na terça-feira (21), o Ministério da Agricultura formalizou o registro de 31 novos agrotóxicos permitidos no país. Oito deles são extremamente tóxicos. Três são compostos por glifosato, substância considerada cancerígena. Desde o início do ano, a ministra Tereza Cristina já liberou o uso de 169 agrotóxicos no Brasil.
As substâncias liberadas para utilização vinham de pedidos de registro distintos, que datam de 2011 a 2018. A maioria dos agrotóxicos é de componentes de uso industrial e servirão de matéria-prima para os produtos vendidos aos agricultores.
Líder da bancada ruralista na legislatura passada, Tereza Cristina (DEM-MS) é chamada de “Musa do Veneno” pelos ambientalistas. Foi ela que comandou a aprovação do “Pacote do Veneno” (PL nº 6.299/2002) na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. O PL, que ainda espera apreciação em plenário, flexibiliza o controle do uso de agrotóxicos.
De acordo com o Greenpeace, organização de defesa do meio-ambiente, o governo de Bolsonaro bateu recordes na liberação de novos agrotóxicos. Em apenas três meses, o Ministério da Agricultura havia permitido o uso de 121 substâncias, mais do que qualquer outro governo na última década.
41% dos novos produtos liberados até o final de março são classificados como altamente ou extremamente tóxicos. Há liberação de agrotóxicos contendo glifosato, que segue como o veneno mais utilizado no país. Ele tem sido ligado a casos de câncer nos Estados Unidos e sua utilização está em debate na justiça estadunidense.
O glufosinato de amônio também é um dos ingredientes presentes em alguns dos novos produtos. Em determinados países, é considerado tóxico para reprodução humana. Atrazina e acefato, que são banidos na Europa, também estão entre as autorizações. O primeiro foi associado a problemas no sistema reprodutivo em população de sapos, e o segundo à queda da fertilidade masculina.
Com informações de Congresso em Foco, Brasil de Fato e Greenpeace. Imagem de Agência Brasil.