Governos usaram software para invadir celulares de jornalistas e opositores, diz imprensa

Publicado em 26 de Julho de 2021 às 16h16. Atualizado em 26 de Julho de 2021 às 16h38
 Imagem: Pexels/ Pixabay 

Ativistas de direitos humanos, jornalistas, advogados e advogadas em todo o mundo têm sido alvos de espionagem por governos autoritários através do software Pegasus. A informação foi revelada pelo jornal The Guardian.

Cerca de 50 mil números de telefone de pessoas teriam sido monitorados pela empresa israelense NOS Group. Pegasus é um programa que infecta celulares smartphones, permitindo que os operadores acessem dados do dispositivo para coletar informações pessoais ou confidenciais do usuário, como mensagens, fotos e e-mails, além de gravar chamadas e ativar microfones secretamente.

A empresa negou qualquer irregularidade e insistiu que o projeto é usado apenas contra criminosos e terroristas e está disponível apenas para militares, policiais e agências de inteligência de países com bom histórico de direitos humanos.

Segundo o jornal britânico, o vazamento traz uma lista de mais de 50 mil números de telefones. Acredita-se que esses contatos são de pessoas de interesse de clientes da NSO desde 2016. Muitos dos números da lista estão concentrados em 10 países: Azerbaijão, Bahrein, Hungria, Índia, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita e Emirados Árabes, de acordo com os relatórios. Cerca de 180 jornalistas estariam na lista.

De 67 smartphones examinados, onde havia suspeitas de ataques, 23 foram infectados com sucesso e 14 mostraram sinais de tentativa de penetração. Para os restantes 30, os testes foram inconclusivos, em vários casos devido à substituição dos auscultadores. O Laboratório de Segurança da Anistia Internacional, um parceiro técnico do projeto, fez as análises forenses.

Em maio, uma reportagem do UOL afirmou que o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, teria participado de negociações para que a NSO participasse de uma licitação do Ministério da Justiça para compra do sistema. Segundo o site, o envolvimento de Carlos Bolsonaro teria gerado insatisfação em militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Agência Nacional de Inteligência (Abin), já que o tema estaria fora da alçada do vereador do Rio de Janeiro. Na ocasião, o vereador negou que tivesse articulado qualquer negociação.

Investigação
O Projeto Pegasus é uma série de reportagens investigativas, produzida pela parceria dos 17 veículos de mídia com Anistia Internacional, ONG de direitos humanos com sede em Londres, que ajudou a reportagem com auxílio técnico e testes forenses em celulares infectados. Os conteúdos estão sendo publicados pela Forbidden Stories, um grupo de imprensa sem fins lucrativos, com sede na França.

Com informações The Guardian e UOL

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