Manifestação foi recebida por ostensiva força policial no Palácio do governo
Há três dias de completar um mês em greve, docentes das universidades estaduais do Maranhão (Uema) e da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul) foram, nessa terça-feira (19), mais uma vez às ruas da capital São Luís cobrar do governador Carlos Brandão (PSB) a abertura de negociações. A categoria está em greve desde o dia 24 de agosto por reajuste salarial, recomposição orçamentária das instituições, isonomia salarial entre efetivos e substitutos, retomada das obras paralisadas, entre outras demandas.
O protesto contou com a presença de professores e professoras e estudantes dos campi de Imperatriz, Estreito, Açailândia da Uemasul e de Balsas, Caixas, Santa Inês, Bacabal e de São Luís dos campi da Uema, além de representantes da diretoria nacional do ANDES-SN e de movimentos sindicais e sociais, que apoiam a luta em defesa da educação no Maranhão.
“Nossa presença no ato de ontem foi pra reforçar o nosso apoio político à greve dos docentes e das docentes e cobrar do governador Carlos Brandão que receba o sindicato, o comando de greve para abrir o processo de negociação”, comentou Raquel Dias.
A presidenta em exercício do Sindicato Nacional participou da manifestação e fez uma saudação aos e às presentes e reafirmou o apoio incondicional do ANDES-SN à greve, que desde o início, tem dado suporte político, financeiro e jurídico ao movimento paredista. “Quando uma seção sindical do ANDES-SN entra em greve, o ANDES-SN inteiro está em greve”, afirmou, Raquel, em fala durante a passeata.
As e os manifestantes saíram da Praça Deodoro, palco de muitas lutas da população maranhense, e caminhou pelas ruas do centro da capital, até a sede do governo do estado. Durante a passeata, docentes e estudantes relataram a realidade vivenciada em seus locais de trabalho. Explicaram também os motivos da paralisação e pediram apoio da população para pressionar o governador a abrir negociação. “A palavra de ordem agora que se coloca também como pauta de reivindicação é negocia já, Brandão!”, afirmou a presidenta em exercício do ANDES-SN.
Ao chegar ao Palácio dos Leões, residência do governador e também sede do governo, a manifestação foi recebida por ostensiva presença da polícia militar, que proibiu a entrada do carro de som na praça, intimidou e reprimiu o ato.
“Nós esperamos, até agora, que o governo responda a solicitação, protocolada no dia 28 de abril, em que a categoria solicita uma audiência com o governador para tratar de assuntos de interesse da categoria. Esperávamos que o governo pudesse receber os professores de forma respeitosa, de forma cordial. Contudo, ontem o que estava nos aguardando quando chegamos no Palácio dos Leões, era a força bruta da polícia militar, com uma grande, ostensiva presença, em toda a praça Pedro II, prejudicando a liberdade de expressão de professores e estudantes presentes”, contou Bruno Rogens, presidente do Sindicato de Docentes das Universidades Estaduais do Maranhão, Seção Sindical do ANDES-SN (Sinduema SSind.).
Desde abril, a categoria tenta diálogo com o governo do estado. Após quatro meses sem resposta, as e os docentes deliberaram por deflagrar greve. “O governo demonstra uma posição de autoritarismo, de falta de respeito e de diálogo com a categoria. O ato terminou com esse tom de um absurdo desrespeito, em receber os manifestantes com uma força policial ostensiva, desproporcional, dado que nosso movimento, nossa passeata era legítima e dentro das regras democráticas de manifestação das entidades de trabalhadores brasileiros”, criticou Rogens. “Foi um ato muito grande e muito forte em São Luís”, acrescentou.
Após a manifestação, as e os docentes se reuniram em assembleia e definiram a realização de nova assembleia, para construção de uma agenda estratégica para os próximos dias de greve, para essa quinta-feira (21), às 15h.
Audiência com o MP
Muitas das delegações que estiveram da passeata chegaram em São Luís na segunda-feira (18), pela manhã, e participaram de uma audiência no Ministério Público, com a Promotoria da Educação. Docentes e estudantes falaram sobre a situação da Uema e UemaSul, apresentaram a pauta de reivindicação, a situação de precariedade e de falta de professores nas universidades.
O Promotor encaminhou uma mesa de negociação com o governo, mediada pelo MP, para a próxima segunda-feira (25), com a presença de uma comissão de negociação com representantes dos professores, dos estudantes e da administração das universidades.
“Esse é um avanço que conquistamos com essa intermediação por parte do Ministério Público. Porque, por parte do governo, infelizmente não há, ainda, nenhuma resposta concreta à nossa pauta de reivindicações e, muito menos, um gesto cordial, democrático e de bom senso de receber a categoria de professores, de profissionais que formam gerações de maranhenses e que foram absurdamente desrespeitados pelo governo do Maranhão”, avaliou o presidente do Sinduema SSind.