Os 303 lugares do auditório Nereu Ramos não foram suficiente para abrigar as mulheres que estiveram na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (11). Outras duas salas de audiência foram ocupadas pelas mulheres que foram protestar em defesa da aposentadoria e contra a Reforma da Previdência.
O ato “Mulheres Unidas em defesa da aposentadoria” foi convocado pela Frente em Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara. Também organizaram a atividade a Liderança da Minoria e a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. A manifestação contou com a participação de diversas entidades dos movimentos social e sindical, entre elas o ANDES-SN.
A 1ª vice-presidente do ANDES-SN, Qelli Rocha, avaliou a relevância da atividade para demonstrar a mobilização das trabalhadoras. “É bem importante para dar um alerta para os parlamentares que, em todo lugar no Brasil, naqueles lugares mais remotos vai ter alguém resistindo à Reforma da Previdência, sobretudo as mulheres, que serão as mais impactadas com essa proposta devastadora”, disse.
A diretora do Sindicato Nacional também destacou a presença dos diversos movimentos na manifestação. “[Importante] ter agregado centrais sindicais, partidos políticos, movimentos sociais. Isso deu uma conotação de uma frente ampla e unitária pelo enfrentamento e combate à contrarreforma da Previdência”, avaliou.
Diversas vozes contra a Reforma da Previdência
Para Elcimara Campos, da CSP Conlutas, é necessária a construção de uma greve geral para derrotar a contrarreforma e os demais ataques do governo. Ela classificou o atual governo como de extrema-direita, racista, machista e LGBTfóbico.
“É muito importante a atuação das mulheres e dos setores mais oprimidos contra essa reforma, assim como do conjunto da classe trabalhadora, numa perspectiva de que essa reforma é o fim da aposentadoria dos trabalhadores e das trabalhadoras. E, nesse sentido, a gente acha que todas as atividades são importantes. Mas a gente precisa, principalmente, avançar rumo a uma greve geral, com a mais ampla unidade”, ressaltou Elcimara.
Selene Michelin, da CNTE, reforçou a importância da atividade e da resistência das mulheres e destacou a dupla, às vezes tripla jornada, no cuidado da casa. “Nós já trabalhamos sete horas a mais por semana, isso significa muitos anos a mais não contabilizadas no nosso tempo de serviço. Também que nós somos aquelas que cuidamos dos idosos, dos doentes, das crianças e fazemos o papel do Estado”, explicou.
Para a diretora da Fasubra, Mariangela Ferreira Costa, a reforma representa a destruição da Previdência Social. “Nós não temos que pagar essa conta. Quem tem que pagar são os [empresários] devedores, é quem deve à Previdência. A gente não pode aceitar, a gente não vai aceitar mais uma vez esse ataque com as mulheres e com a classe trabalhadora. Nós não vamos pagar essa conta”, afirmou.
Já Mazé Morais, Secretária de Mulheres da Contag, destacou a importância da unidade dos movimentos sociais e entidades sindicais nessa luta. Ressaltou ainda o ataque que a reforma representa para as trabalhadoras rurais. “Esse ataque já iniciou com a [medida provisória] 871, porque ela exclui praticamente 90% das seguradas especiais da Previdência Social”, explicou. “Nós, margaridas do campo, das florestas e das águas não vamos nos aquietar, não vamos nos calar, vamos continuar na luta, na resistência. Nós pararemos o Brasil, barramos essa reforma de qualquer jeito”, acrescentou.
A representante da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Luísa Batista, também reforçou que a reforma da previdência essa reforma não traz nenhum benefício à classe trabalhadora. Ao contrário, prejudica, especialmente, algumas categorias. “Por exemplo, no caso das trabalhadoras domésticas é uma atividade muito rotativa, onde a trabalhadora tanto pode passar anos numa residência como passar meses, sem contar a dificuldade que é o recolhimento da previdência social, o reconhecimento do vínculo empregatício. Somos quase 8 milhões, e temos apenas cerca de 40% de trabalhadoras formalizadas, com carteira assinada. A nossa luta é para garantir direitos, porque direitos a gente não reduz, a gente amplia”, declarou.