Óleo que atingiu praias do Nordeste em 2019 veio de petroleiro grego, diz PF

Publicado em 08 de Dezembro de 2021 às 12h11. Atualizado em 08 de Dezembro de 2021 às 12h12
Foto: Divulgação/Agência Petrobras

As manchas de óleo que apareceram em centenas de praias brasileiras no dia 30 de agosto de 2019 vieram de um navio petroleiro de bandeira grega. A conclusão foi divulgada na última quinta-feira (2) pela Polícia Federal (PF).

De acordo com a PF, foram encontradas manchas de óleo em mais de mil localidades, em 11 estados litorâneos. Apenas os custos arcados pelos poderes públicos federal, estadual e municipal para a limpeza de praias e oceano foram estimados em mais de R$ 188 milhões, estabelecendo-se assim um valor inicial e mínimo para o dano ambiental.

“A Polícia Federal, a partir das provas e demais elementos de convicção produzidos, concluiu existirem indícios suficientes de que um navio petroleiro de bandeira grega teria sido o responsável pelo lançamento da substância oleaginosa que atingiu o litoral brasileiro. Foram indiciadas pela prática dos crimes de poluição, descumprimento de obrigação ambiental e dano a unidades de conservação a respectiva empresa e seus responsáveis legais, bem como o comandante e o chefe de máquinas do navio”, afirmou a PF em nota.

O valor total do dano ambiental está sendo apurado pela perícia da PF, que deverá encaminhar com brevidade o respectivo laudo às autoridades competentes. O inquérito policial relatado segue agora para o poder judiciário federal no Rio Grande do Norte e o Ministério Público Federal (MPF), para análise e adoção das medidas cabíveis.

Além disso, como já denunciado pelo ANDES-SN, o derramamento de óleo comprometeu a vida de pescadores, marisqueiras e moradores, que tiveram o seu sustento e a saúde prejudicados. Com o desastre, a população local deixou de comer peixes e frutos do mar e as e os trabalhadores amargaram enormes prejuízos.

Investigações
As investigações, realizadas em parceria com diversos órgãos e instituições nacionais e internacionais, foram centradas em três frentes. A primeira diz respeito à investigação das características da substância, por meio de análises químicas que buscaram determinar o tipo de material que chegou à costa brasileira, suas características e, especialmente, sua procedência, se nacional ou estrangeira, e qual país.

A segunda frente diz respeito ao local exato onde ocorreu o vazamento/lançamento do óleo, na qual priorizou-se o uso de técnicas de geointeligência, que incluem imagens de satélite e modelos e simulações produzidos por softwares específicos. A terceira foi realizada com base em dados, documentos e informações que pudessem esclarecer os fatos, por meio de cooperação nacional e internacional, inclusive com apoio da Interpol.

Negligência
Em setembro de 2020, após mais de um ano do derramamento do óleo na costa brasileira, o ANDES-SN publicou uma matéria em seu jornal sobre a negligência do governo federal com o plano de contingenciamento e, depois, nas investigações.  O governo federal negou por meses a gravidade do problema, além de usar o crime para fins políticos. Na época, o então ministro do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, postergou, por 41 dias, acionar o plano de contingenciamento para conter as manchas de óleo. E, ainda, acusou em cadeia nacional a Venezuela como culpada pelo vazamento de óleo, sem apresentar provas.

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Fonte: Agência Brasil, com edição e acréscimo de informações do ANDES-SN

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