Categoria paralisou as atividades por 9 dias. Professores de Chicago ameaçam greve para fevereiro
Os professores das escolas públicas de Los Angeles, nos Estados Unidos, iniciaram, em 14 de janeiro, a primeira greve da categoria desde 1989. Os trabalhadores reivindicavam aumento salarial de 6,5%, redução do número de alunos por sala de aula, mais funcionários nas escolas, entre outras medidas. O distrito escolar, com 621 mil alunos, 32 mil professores e mais de 1 mil escolas, é o segundo maior do país, atrás apenas de Nova York.
O retorno às atividades se deu na quarta-feira (23) após um acordo que prevê, entre outras conquistas, reajuste de 6%, as presenças de uma enfermeira em cada escola e de uma professora bibliotecária em cada escola secundária, durante os dias de semana. Outros avanços negociados foram a diminuição no número de alunos em sala, que às vezes supera os 40, e da quantidade de testes padronizados aplicados durante o ano. Além disso, haverá também maior investimento nas escolas comunitárias. Nos últimos meses, o sindicato dos professores e o Distrito Escolar Unificado de Los Angeles (LAUSD, na sigla em inglês) mantiveram negociações sobre esses pontos, mas não tinham chegado a um consenso. "É um acordo histórico", avaliou Alex Caputo-Pearl, presidente do Sindicato dos Professores de Los Angeles (UTLA, na sigla em inglês).
Mobilização
Durante 9 dias foram realizados pela cidade protestos com os professores vestidos de vermelho, com o apoio dos estudantes, mães, pais, e também de artistas e figuras públicas. O movimento liderado pelos professores de Los Angeles vem se alastrando pelo país desde 2018 e é chamado de #RedforEd, ou Vermelho pela Educação
Além da luta em defesa do sistema público de ensino, os manifestantes criticam outros modelos de educação no país, como as escolas charter, criadas nos anos 1980 (públicas, mas com gestão privada). Essas escolas recebem recursos governamentais, e por isso competem por verbas com as demais escolas. Em Los Angeles, por exemplo, já existem 224 delas. Em Nova Orleans, o modelo foi amplamente adotado.
“Eu quero falar aos bilionários. Nós não iremos no mesmo caminho de Nova Orleans, onde vocês privatizaram e fecharam cada escola pública da cidade. Educação pública não é seu brinquedo, ela pertence ao povo de Los Angeles”, afirmou o presidente do sindicato municipal, durante as manifestações.
Greve
A última greve da categoria em Los Angeles ocorreu em 1989, quando 20 mil professores pararam por aumento salarial de 21%. Já no resto dos Estados Unidos as paralisações têm se intensificado desde 2018. No início do ano passado, uma greve de 9 dias garantiu um aumento de 5% para os professores de Virgínia Ocidental. As greves também aconteceram, em 2018, no Arizona, Oklahoma, Kentucky e Colorado. Professores de Chicago ameaçam parar em fevereiro.
Educação
Nos EUA, os governos federal, estaduais e municipais destinam recursos ao ensino público e gratuito, embora a palavra educação não apareça na Constituição do país. Como a divisão de responsabilidades não está clara, o Supremo americano definiu que o papel predominante sobre o tema ficaria com os estados. Cada um dos 50 estados possui leis próprias em relação ao ensino público. Mais da metade das receitas usadas para financiar a educação, em média, vem, portanto, dos próprios estados. Na Califórnia, segundo dados da Associação Nacional de Educação dos Estados Unidos, 58% dos recursos para o sistema em 2017 saíram do governo estadual. Outros 8,9% vieram do governo federal, e 33,1%, dos municípios.
Com informações de Nexo e imagem de UTLA.