Em cartaz na Casa França-Brasil desde 4 de dezembro, a mostra “Literatura Exposta” seria encerrada com uma performance que fazia alusão à ditadura. A performance de encerramento seria encenada pelo coletivo de artistas “É uma maluca” no último dia da exposição, domingo 13.
Entretanto um dia antes, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ordenou o fechamento da exposição e proibiu a performance.
Os artistas interagiriam nus com a obra “A voz do Ralo é a Voz de Deus”, em que baratas de plástico se aglomeram sobre um bueiro. A performance foi inspirada no conto de Rodrigo Santos, que trata de um tipo de tortura praticado pela ditadura: uma mulher tem baratas introduzidas na sua vagina.
A censura foi denunciada pelo curador da mostra Álvaro Figueiredo nas redes sociais: “Fecharam nossa exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir que as performances da finissage acontecessem. Comuniquei com antecedência o teor das performances à direção da Casa, foi autorizado e ontem à noite enviaram esse comunicado. Esse é o governo que temos. A arte vai sobreviver à censura”, explicou o curador.
Segundo Figueiredo, Witzel mandou fechar a exposição porque as performances de encerramento não constavam no contrato. Matéria publicada na Folha de S. Paulo menciona que já havia uma censura prévia sobre parte da performance, que em seu original traria a voz de Jair Bolsonaro saindo do bueiro para onde se aglomeram as baratas. Neste caso quem não permitiu foi a Casa França-Brasil, e o grupo adaptou para o áudio de uma receita de bolo no ato.
Com informações da Revista Fórum e da Folha de S. Paulo