A proposta de doar parte do terreno da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (PE), para a Polícia Federal (PF) foi apresentada pela reitoria da instituição em reunião do Conselho Universitário (Conuni). O presidente da Seção Sindical dos Docentes da Univasf (Sindunivasf – Seção Sindical do ANDES-SN), Rafael Torres Rodrigues, considera a ideia um "total absurdo".
"Em vez de trazer residências universitárias, mais salas de aula, laboratórios, espaços de convivência, eles querem trazer a PF para dentro do campus, vamos perder terreno para isto, de forma injustificável", denuncia o professor.
De acordo com Rodrigues, no último dia 23 de fevereiro, o reitor da Univasf, Télio Leite, afirmou durante reunião ordinária do Conuni, que apoiava a doação do terreno e se sentia sensibilizado com a situação da PF, que, segundo Leite, corria o risco de ter a sua sede deslocada do município de Juazeiro para outras cidades, por falta de um espaço para sua construção.
Em nota de repúdio divulgada no dia 29 de fevereiro, a Sindunivasf – SSind. protesta contra a medida e diz que o reitor, sem um aviso prévio, ainda convidou delegados da PF para participar da reunião, o que provocou nos conselheiros presentes "um sentimento de constrangimento e intimidação", uma vez que iriam debater o assunto na presença dos interessados.
Segundo o presidente do Sindunivasf SSind., a ideia partiu da PF, que procurou a reitoria para tratar do assunto. "O reitor, em vez de rechaçar a ideia, levou o tema para a reunião do Conuni, como expediente, ou seja, com a intenção de deliberar sobre isso em futura reunião. Ainda deixou a entender que o campus de Juazeiro tinha áreas não aproveitadas ou subutilizadas. O campus não tem alojamento estudantil, não tem salas individuais e adequadas para as e os docentes, não tem espaço de convivência, tem poucos cursos, como ele pode dizer que temos espaço sobrando?", ressalta Rodrigues.
De acordo com a nota de repúdio da seção sindical, na reunião do Conuni, os delegados apresentaram as contrapartidas da PF à universidade, que seriam basicamente: priorizar a Univasf para receber doações de carros, equipamentos eletrônicos, balanças e drogas apreendidas (com intuito de pesquisa), além de possibilitar o acesso da comunidade acadêmica a cursos e treinamentos oferecidos pela instituição policial. "Na prática, estaríamos sendo financiados pelo crime organizado, ou melhor, pela ação repressiva do estado contra o crime organizado. Humilhante ou não?", critica a nota.
Acesse a nota de repúdio na íntegra
* foto: Divulgação/Univasf