Nota sobre as agressões aos migrantes venezuelanos em Pacaraima

Nota sobre as agressões aos migrantes venezuelanos em Pacaraima

Publicado em 18 de Janeiro de 2019 às 15h05

NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN SOBRE AS AGRESSÕES À(O)S MIGRANTES VENEZUELANA(O)S EM PACARAIMA

 

            O agravamento da crise social na Venezuela, desde 2015 – resultante, sobretudo, das agressões do imperialismo e das ações de desestabilização da burguesia venezuelana – provocou um fluxo migratório sem precedentes para o Brasil, que tem impactado, especialmente, o estado de Roraima.

            Segundo a ONU, mais de 2,3 milhões de venezuelano(a)s saíram do país nos últimos três anos. Segundo o Comitê Nacional para os Refugiados, o número de solicitações de refúgio ao Brasil, em 2015 era de 829 e saltou para 3.375 em 2016. Apenas no primeiro semestre de 2018, 56.740 venezuelano(a)s solicitaram refúgio ou residência no Brasil. Destes 16 mil chegaram em Roraima. Pacaraima, uma cidade com 10 mil habitantes, tem recebido o fluxo maior. São mais de 500 migrantes por dia.

            Tudo isso, em um contexto de profunda crise social no Brasil, frente à qual o governo ilegítimo de Michel Temer tem implementado duras políticas de cortes sociais e retirada de direitos que atingem especialmente a classe trabalhadora, que já enfrenta a precarização e o desemprego. Por isso, a migração de venezuelanas e venezuelanos tem resultado em sentimentos crescentes de xenofobia e ressentimento.

            A gravidade da situação se mostrou nos eventos recentes ocorridos em Paracaima: após um assalto a um comerciante brasileiro, ocorreram diversas agressões que culminaram no incêndio criminoso de acampamentos de imigrantes, resultado da situação explosiva criada pela ausência de respostas à grave crise prenunciada pela existência de mais de 3 mil venezuelano(a)s morando nas ruas da cidade. A resposta do governo federal tem sido mobilizar a força nacional, o exército e outros aparatos repressivos. O governo do Estado de Roraima reagiu solicitando judicialmente o fechamento das fronteiras do Brasil com a Venezuela, como forma de conter o fluxo migratório, recurso negado por ser inconstitucional.

            O ANDES-SN repudia os ataques contra a população venezuelana no Brasil e as ameaças contra as redes de apoio de sindicatos, movimentos sociais e ativistas que buscam amparar o(a)s migrantes venezuelanos.

            O ANDES-SN manifesta seu apoio às ações que buscam fortalecer a unidade da classe trabalhadora, tais como: denunciar e visibilizar o drama vivido pelo povo venezuelano; contribuir na construção de ações e redes de apoio e solidariedade; combater medidas populistas e repressivas (fechamento de fronteiras, cota de entrada de migrantes, restrição de direitos a populações de determinada nacionalidade, etc.) implementadas por governantes do executivo e do legislativo ou por setores do judiciário que apenas intensificam e disseminam a xenofobia; a construção de um efetivo programa de interiorização que contribua para o acolhimento e a integração do(a)s trabalhadore(a)s venezuelano(a)s.

            Entendemos que só a solidariedade e a unidade da classe trabalhadora podem contribuir para reduzir as tensões sociais. Todo apoio ao povo venezuelano!

 

 

Brasília, 22 de agosto de 2018

 

 

Diretoria do ANDES-Sindicato Nacional

 

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