A Semana de Lutas do Setor das Instituições Estaduais, Municipais e Distrital (Iees, Imes e Ides), que aconteceu de 20 a 24 de maio, mobilizou professoras e professores de todo o país na luta por recomposição salarial, mais orçamento para as universidades, concursos públicos e valorização do trabalho docente.
As e os docentes realizaram atos nos estados e em Brasília (DF), na Marcha da Classe Trabalhadora realizada em 22 de maio. Durante a semana, também foi lançada a campanha “Universidades estaduais, municipais e distrital: quem conhece, defende”, com vídeos sobre a luta no Setor das Iees, Imes e Ides, com destaque ao que tratou do tema criminalização das lutas.
Em greve, as professoras e os professores das universidades do Estado de Minas Gerais (Uemg), do Pará (Uepa) e a Estadual do Ceará (Uece) estiveram mobilizados durante a Semana de Lutas.
Em Minas Gerais, as e os docentes da Uemg, em greve desde 2 de maio, realizaram atos em 19 das 22 unidades acadêmicas da universidade. O governo de Romeu Zema (Novo) se nega a negociar e de apresentar propostas à categoria, que luta por recomposição salarial e orçamentária para a universidade, melhores condições de trabalho, entre outras reivindicações.
No dia 22 de maio, docentes do comando de greve participaram da Marcha da Classe Trabalhadora na capital federal. Representantes da Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg - Seção Sindical do ANDES-SN) também estiveram no Superior Tribunal de Justiça e solicitaram uma audiência para avançar no debate sobre o cumprimento do acordo de greve de 2016. No dia 24 de maio, marcaram presença no ato unificado em defesa da educação pública em Passos (MG). A manifestação percorreu as ruas denunciando o descaso do governo estadual com a educação pública e os serviços públicos. Na mesma data, uma assembleia presencial, convocada pela Aduemg SSind., deliberou pela continuidade da greve por tempo indeterminado até que o governo abra negociações com a categoria.
No Pará, a Semana das e dos docentes da Uepa, em greve desde 9 de maio, começou com uma assembleia geral no dia 21 de maio, que aprovou um calendário de atividades para a semana. As professoras e os professores lutam por recomposição salarial, uma política para docentes de Dedicação Exclusiva (DE), entre outras demandas. Apenas 25% da categoria atua com DE, o que dificulta o desenvolvimento da pós-graduação, da pesquisa e da extensão na Uepa.
No dia 23, as e os docentes foram à Secretaria de Planejamento e Administração cobrar respostas sobre o trâmite do processo de reajuste salarial de 7%. No mesmo dia, ocorreu o debate "Entre Greves - O que nós temos com isso?", que contou com a participação de estudantes. No dia seguinte, a categoria se reuniu com o pró-reitor de Gestão e Planejamento da Uepa para tratar do financiamento da universidade. Segundo o gestor, faltam recursos para a universidade este ano, em virtude de cortes orçamentários realizados pelo governo de Helder Barbalho (MDB).
No Ceará, as e os docentes das universidades estaduais do Ceará (Uece), do Vale do Acaraú (Uva) e da Regional do Cariri (Urca) realizaram atividades de mobilização pela reabertura das negociações com o governo de Elmano de Freitas (PT). As professoras e os professores estão em greve desde o dia 4 de abril por recomposição salarial de 35,7%, melhores condições de trabalho, concursos públicos e convocação do cadastro reserva, além de melhorias e reformas na infraestrutura das universidades, e garantias de direitos das e dos estudantes, entre outras reivindicações.
Nos dias 20 e 21 de maio, representantes da Seção Sindical de Docentes da UVA (Sindiuva SSind) e do Sindicato de docentes da Uece (Sinduece SSind) estiveram presentes na Assembleia Legislativa do Ceará para dialogar com parlamentares e estabelecer uma ponte com o governador petista. Um grande ato em defesa da greve foi realizado no dia 22 de maio na Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza, para chamar a atenção da população acerca da pauta grevista. Já nos dias 23 e 24 de maio aconteceu, na Urca, o Seminário por Autonomia e Democracia, que debateu os problemas estruturais da universidade, permanência e assistência estudantil, assim como o processo da Estatuinte nas universidades estaduais do Ceará. As e os docentes da Urca decidiram, no início do mês, pela suspensão da greve.
Na Bahia, a Semana de Lutas começou com uma intensa agenda de mobilização no dia 21 de maio. O Fórum das Associações Docentes das Universidades Estaduais da Bahia (ADs) acompanhou a sessão ordinária na Assembleia Legislativa (Alba), em Salvador, na qual seria votado o projeto de lei que propõe o reajuste salarial de 4% para as servidoras e os servidores públicos estaduais, dividido em duas parcelas. A categoria reivindica um plano de recomposição salarial que recupere as perdas salariais dos últimos nove anos, que representam quase 50%.
Em 22 de maio, a mobilização continuou nas universidades, com panfletagem, visitas às salas de aula e entrevistas em rádio. No dia seguinte (23), as e os docentes retornaram à Alba para exigir o pagamento reajuste salarial retroativo à data-base, conforme previsto no Estatuto do Servidor Público da Bahia. No dia 24, o Fórum das ADs se reuniu com representantes do governo na Secretaria de Educação para tratar do plano de recomposição salarial, prometido pelo governo, mas que ainda não foi apresentado. Uma nova reunião foi marcada para 14 de junho. Do lado de fora, um grande ato público reuniu docentes das quatro universidades estaduais, que paralisaram suas atividades em protesto.
Em São Paulo, no dia 21 de maio, docentes, técnicos e técnicas da Universidade de São Paulo (USP) entregaram boletins do Fórum das Seis e do GT Verbas às e aos integrantes do Conselho Universitário, que se reuniu e aprovou um reajuste salarial de 5%, conforme a proposta do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas. No mesmo dia, o Fórum participou de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo em defesa da pesquisa científica e contra os cortes no orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
As seções sindicais do ANDES-SN, sindicatos de técnicas e técnicos e representações estudantis das três universidades estaduais de São Paulo, que compõem o Fórum das Seis, realizaram assembleias de base de 16 a 28 de maio para avaliar um possível indicativo de greve das categorias, que lutam por um reajuste de 10,05%. As universidades estaduais de Campinas (Unicamp) e Paulista (Unesp) aprovaram.
“A Semana de Lutas é um momento importante para o Setor das Estaduais, Municipais e Distrital do ANDES-SN, contribuindo para a nacionalização das lutas travadas nas diferentes regiões do país, para que se conheçam mais as pautas e mobilizações que marcam a luta em cada sistema estadual, municipal ou distrital de ensino superior, em torno de salário, carreira, orçamento, condições de trabalho, concursos públicos, e autonomia universitária, entre outros temas fundamentais da luta sindical docente”, avaliou Gilberto Calil, 1º vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN e da coordenação do Setor das Iees/Imes/Ides.