*publicada em 30/04, alterada para mudança de editoria
Na tarde de segunda-feira (29), mais de 500 docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) se reuniram em assembleia geral e deliberaram, por ampla maioria (92,2%), pela deflagração de greve, a partir desta quinta-feira (2). A decisão é uma resposta à intransigência do governo de Romeu Zema (Novo) em negociar e atender as reivindicações da categoria.
Em entrevista à rádio Alternativa FM, de Passos (MG), Camila Moura, vice-presidenta da Associação de Docentes da Uemg – Seção Sindical do ANDES-SN, pontuou que ninguém gosta de fazer greve, e que este é o último recurso de luta política para pressionar o governo a estabelecer diálogo com a categoria docente.
“A gente tenta já, há muitos anos, estabelecer uma mesa de negociação permanente com o governo estadual, que nos nega isso. A gente já tentou por diversas vezes, várias reuniões foram feitas, sempre com o governo enviando, mas as pautas não avançam. Eles nos ouvem, mas não propõem soluções efetivas. Inclusive foi dito a nós, do sindicato, numa reunião com a Secretaria de Planejamento há algumas semanas, que não é possível estabelecer essa mesa de negociação justamente porque o governo não tem soluções efetivas para apresentar para as situações da universidade. Por isso, nosso primeiro ponto de reivindicação é o estabelecimento dessa mesa de negociação permanente com o governo do estado, para a abrirmos um canal de diálogo efetivo com o governo, que possa ouvir as nossas demandas e propor soluções”, explicou.
As e os docentes reivindicam ainda a reposição das perdas salariais, acumuladas em mais de 75%, abertura de novos concursos, respeito à autonomia universitária, a recomposição do orçamento da Uemg, entre outras demandas. O repasse de recursos para a universidade foi contingenciado em 10%, o que afeta docentes, estudantes e a gestão da instituição.
Os mesmos pontos já haviam sido apresentados em audiência pública, promovida pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no dia 26 de março.
“Nós já tivemos um corte de mais de 100 milhões de reais no orçamento da Uemg, conforme dados apresentados pela própria reitoria. O corte causa impacto direto nos investimentos, no custeio e também em diversos editais de ensino, pesquisa e extensão e de programas relacionados à assistência estudantil dos mais de 21 mil estudantes da universidade”, alertou Túlio Lopes, presidente da Aduemg SSind, em entrevista ao Brasil de Fato MG.
Outra reivindicação é a incorporação das gratificações ao vencimento básico e o pagamento das dedicações exclusivas. Segundo Lopes, as duas medidas foram aprovadas pelo conselho universitário da Uemg, mas o governo não cumpriu.
“Nós chamamos atenção também para os concursos públicos. Há na Uemg hoje uma quantidade significativa de trabalhadores em regime de trabalho precário, que foram contratados por meio do processo seletivo simplificado. Nós queremos concursos públicos e a garantia de nomeação de todos os aprovados classificados”, reforçou. Para Túlio Lopes, a contratação temporária é utilizada pelo governo como mecanismo de enfraquecimento do corpo docente e da carreira única dentro da universidade.
Uma assembleia geral da categoria está marcada para o dia 8 de maio, presencialmente em Belo Horizonte.
* Com informações da Rádio Alternativa FM/Passos e Brasil de Fato MG
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