O ANDES-SN condenou o evidente ato autoritário de perseguição política de repatriação do professor universitário palestino Muslim M. A. Abuumar Rajaa, assim como de sua esposa (grávida de seis meses), do filho e da sogra, no último domingo (23).
O professor Muslim é um destacado pesquisador e diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia e do Oriente Médio (OMEC), com sede em Kuala Lumpur (Malásia).
Em nota divulgada na segunda (24), o Sindicato Nacional reforçou que as circunstâncias da negativa de ingresso e a posterior repatriação são absolutamente inaceitáveis. O professor veio visitar o irmão, que reside no Brasil, e ficou três dias detido no aeroporto de Guarulhos (SP). No local foi vítima de discriminação política, submetido a interrogatório sobre as atividades desenvolvidas enquanto ativista político, inclusive tendo sido solicitada sua opinião sobre a resistência palestina.
Conforme noticiado, a operação teria sido uma iniciativa da chefia de Inteligência da Polícia Federal, com base em informes do serviço secreto israelense Mossad. A razão da negativa teria sido uma suposta – e não comprovada – vinculação do professor ao Hamas.
Conhecido por denunciar o genocídio em Gaza, Muslim esteve no Brasil em outras ocasiões, uma delas no ano passado, antes do início da guerra, sem nenhum inconveniente. Em comunicado à imprensa brasileira, nesta terça (25), o acadêmico relata os questionamentos da Polícia Federal e disse que "ficou claro que as ordens vieram de fora do país, de uma potência imperialista estrangeira que tem um longo e sombrio histórico de intromissão nos assuntos de outros países".
O professor ainda destaca que seu advogado de defesa não teve tempo suficiente para refutar as acusações infundadas, que a batalha ainda não acabou e que buscará por justiça. "Acabei de chegar à minha casa em Kuala Lumpur após uma viagem familiar malsucedida para visitar meu irmão no Brasil, que infelizmente foi impedida pela intervenção sionista, claramente devido às minhas atividades acadêmicas em apoio à luta palestina", afirmou.
A nota do Andes-SN destaca que: "Contra todas as evidências, a Justiça Federal do Estado de São Paulo negou o caráter político da detenção e autorizou a repatriação do professor Muslim. A execução em curtíssimo tempo impediu que fossem apreciados o pedido de reconsideração e o embargo de declaração interpostos pela defesa". Para o ANDES-SN, a prisão do professor Muslim "é uma agressão à soberania brasileira e expressa submissão do governo brasileiro, através da Polícia Federal, ao governo genocida de Israel em sua política internacional de perseguição aos palestinos".