Após meses de espera, e de inúmeros adiamentos, ocorreu na última terça-feira (24) a reunião entre o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); o chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega; os secretários de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Administração e da Previdência (Seap), Aldo Bona e Elisandro Frigo; e o conselho de reitores das universidades estaduais do Paraná.
O tão esperado encontro seria para o governo apresentar o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para as e os docentes, conforme o compromisso assumido por Ratinho Júnior, que resultou na suspensão da greve docente no mês de junho. O governo, por sua vez, não apresentou a contraproposta do PCCS e, ainda, cobrou às administrações a apresentação de cálculos a respeito do financiamento do plano de carreira e possíveis impactos financeiros.
As e os docentes representantes do Comando Estadual de Greve (CEG) não puderam participar da reunião e esperaram pelo resultado na porta do Palácio Iguaçu, sede do governo, para uma reunião com os reitores e o secretário da Seti. No entanto, o encontro para explicar o ocorrido não aconteceu.
Assembleias
Diante do silêncio do governo, docentes das sete universidades Estaduais do Paraná (Unespar), do Oeste do Paraná (Unioeste), do Norte do Paraná (Uenp), de Ponta Grossa (UEPG), de Maringá (UEM), do Centro-Oeste (Unicentro) e de Londrina (UEL) intensificaram a luta contra o descaso do governo do Paraná.
Um dia após a reunião, no dia 25 de outubro, docentes da UEL aprovaram por unanimidade, pela retomada da greve da categoria nessa segunda (30), quando foi realizada uma nova assembleia. Entre as deliberações, está a criação de um grupo de trabalho para organizar as atividades de mobilização, atos e intervenções na semana de 6 a 10 de novembro.
Ainda no dia 25, a Uenp e a Unioeste decidiram em assembleias docentes que irão manter o estado de greve. Nesta quarta-feira (1), docentes da Uenp devem se reunir novamente para deliberar sobre a retomada da greve. Na Unicentro, uma assembleia estava prevista para ser realizada na última quarta-feira (25), mas foi cancelada e sem previsão para nova data.
Docentes da UEM se preparam para uma paralisação nos dias 1,3 e 4 de novembro, conforme decisão em assembleia realizada no dia 26 de outubro. Caso não haja a apresentação da contraproposta do governo, haverá deflagração da greve a partir do dia 6 de novembro.
Na última sexta-feira (27), docentes da Unespar se reuniram e deliberaram pela manutenção da suspensão da greve e a convocação de nova assembleia nas próximas semanas. Já na UEPG, em reunião realizada também na sexta (27), a categoria definiu um calendário de lutas para os próximos dias, diante do desrespeito do governo estadual em relação à apresentação da contraproposta do PCCS.
Gilberto Calil, 1º vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN e docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) apontou o descaso do governo e a frustração da categoria com a falta de retorno sobre o PCCS.
“As seções sindicais das universidades estaduais do Paraná estão realizando assembleias e encaminhando um processo de mobilização e, em alguns casos, a retomada da greve. A promessa quando suspendemos a greve em junho era de que o plano seria rapidamente encaminhado. Desde então o governo vem protelando a resolução e, nesta reunião, houve uma enorme frustração com a não apresentação do plano e, pior do que isso, a exigência de que os reitores indicassem de onde economizariam os recursos para garantir que esta mudança no plano de carreira não gerasse custos adicionais, que é absolutamente impossível de se realizar. É um descaso com a categoria docente”, desabafou o docente.
As universidades estaduais do Paraná estão se articulando para a realização de uma assembleia docente simultânea das universidades estaduais do Paraná, no dia 14 de novembro, em local e horário a serem definidos.
LGU
Além do PCCS, as e os docentes lutam por reposição salarial e pela revogação da Lei Geral das Universidades (LGU) do estado, que ataca a autonomia das instituições. Neste mês, o ANDES-SN protocolou uma manifestação contrapondo os argumentos do governo do Paraná e reafirmando a inconstitucionalidade da LGU. A atuação se deu através da Assessoria Jurídica da Regional Sul, nos marcos da Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada por parlamentares paranaenses em novembro de 2022.
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