A Universidade do Distrito Federal (UnDF) tem enfrentado graves problemas em seu primeiro ano de funcionamento, incluindo a falta de corpo técnico-administrativo próprio, ausência de gestão democrática, remuneração defasada da carreira docente e problemas de infraestrutura.
Em março deste ano, a UnDF publicou um edital do processo eleitoral para a escolha de representantes da comunidade acadêmica para compor o Consuni. No entanto, a gestão atual propôs a formação de conselhos com 66,7% dos assentos ocupados por servidoras e servidores comissionados indicados pela Reitoria, enquanto apenas 18,5% seriam destinados às e aos docentes e 14,8% às e aos discentes.
Por sua vez, a Seção Sindical dos Docentes da UnDF (SindUnDF SSind) moveu uma medida judicial contra a instituição, alegando descumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Um despacho do Promotor de Justiça reconheceu irregularidades e a necessidade de ajustes para cumprir as normativas que exigem 70% de representação docente nos colegiados e gestão democrática. No entanto, a administração universitária ignorou as recomendações, resultando na iniciativa judicial do sindicato.
De acordo com Bruno Couto, presidente do SindUnDF SSind, não há participação das e dos docentes na política institucional e na política de ensino, pesquisa e extensão da universidade.
“Atualmente, o corpo docente não consegue participar de forma efetiva de nenhuma decisão ou trabalho de construção da universidade, ficando apartado de boa parte do que é feito. Ao mesmo tempo, o corpo de comissionados, com destaque para os Centros e Pró-Reitorias, não consegue dar conta de todas as demandas, tanto pela quantidade de trabalho quanto pela complexidade de certos temas. Nesse sentido, a própria operação da universidade está prejudicada e pode piorar. Existem gargalos na gestão acadêmica, na criação de novos cursos, na assistência estudantil, nas aquisições e compras e até na expansão física da universidade”, explicou.
Evasão
Outro ponto preocupante é a elevada taxa de evasão discente na universidade, que reflete as dificuldades enfrentadas pelas e pelos estudantes para o ingresso e permanência na instituição pública do DF. Segundo dados da SindUnDF SSind, pelo menos 30% das e dos estudantes abandonaram seus cursos já no primeiro semestre. Nos cursos noturnos, essa taxa pode chegar a 50%.
Diante do cenário, segundo Couto, é iminente a possibilidade de greve das e dos docentes. “A dificuldade de diálogo entre a atual gestão da UnDF e o corpo docente efetivo, o descumprimento de acordos feitos em 2023, bem como a insistência em seguir com medidas que contrariam a legislação educacional e os direitos de representação docente poderão levar os docentes à greve em 2024. Uma greve ainda nos anos iniciais da universidade seria muito prejudicial a todos, inclusive aos próprios docentes, mas se a Reitoria continuar ignorando os docentes, será inevitável”, alertou.
As e os estudantes também estão se mobilizando, indicando potencial greve em solidariedade às e aos docentes e por melhorias na gestão democrática, alimentação, transporte e assistência estudantil.
Com informações da Agência CLDF